Lobby sionista da segurança levará Prefeito de Belo Horizonte a Israel

À convite do governo israelense, Álvaro Damião demonstra interesse em conhecer os modelos de segurança pública. As mesmas armas e tecnologias que Israel utiliza contra a população palestina já são exportadas e implementadas no Brasil, especialmente nas operações policiais em favelas e periferias.

8 de Junho de 2025 às 21h00

Prefeito Álvaro Damião, entrega novas viaturas para a Guarda Municipal. Foto: Rodrigo Clemente/PBH/divulgação.

Em meio ao crescente debate sobre segurança pública no Brasil, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), anunciou uma viagem a Israel a convite do governo israelense para "conhecer modelos de segurança pública". O anúncio foi feito pelo próprio prefeito no dia 22 de maio, em entrevista à rádio 98 news e confirmado pelo Secretário Municipal de Segurança e Prevenção, Márcio Lobato. A confirmação foi feita durante as comemorações da chamada "Festa de Israel", evento que ocorreu em Belo Horizonte “celebrando a independência do Estado de Israel”, enquanto a comunidade internacional testemunha um dos mais devastadores ataques à população palestina em Gaza.

A viagem de Damião, que vai acompanhado do Secretário Municipal de Segurança e Prevenção, não é um caso isolado na política brasileira: em 2019, o governador do Amazonas, Wiilson Lima (União Brasil) também recebeu um convite para visitar Israel, o que culminou na assinatura de um acordo de cooperação no ano passado, fortalecendo ainda mais os laços entre o estado brasileiro e o regime israelense enquanto o genocídio do povo palestino se intesificava. Em 2024, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também assinou um tratado de cooperação com o Estado de Israel.

Essa programação dá continuidade à empreitada de "modernização da segurança pública” por parte do prefeito da capital mineira que, em 21 de maio, encontrou-se com Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, para aprender com o sistema de monitoramento da capital paulista, o Smart Sampa. De acordo com a prefeitura de São Paulo, esse “é o maior sistema de monitoramento de segurança da América Latina, que usa o reconhecimento facial de câmeras inteligentes para identificar casos de violência urbana e foragidos da polícia, além de ajudar a encontrar pessoas desaparecidas”.

"A identificação facial de criminosos nas ruas será realidade em BH", garantiu Damião em declaração. O ”SMART BH” já tramita como projeto de lei desde o final de abril na Câmara Municipal de Belo Horizonte, de co-autoria de vereadores da bancada do PL. Tecnologia similar já foi utilizada no carnaval de 2025 em diversas cidades brasileiras e sinaliza o crescente interesse de gestores públicos por tecnologias de vigilância e controle social racista, muitas das quais de origem israelense.

A viagem de Álvaro Damião a Israel expressa, diante do aprofundamento da crise da segurança pública no Brasil, o fortalecimento de um mercado de big techs financiadas pelo governo israelense e seus aliados imperialistas. Essa política reforça o quadro de violência policial no Brasil que, mesmo antes dos recentes acordos, utiliza-se de armamentos e tecnologias israelenses em operações policiais. Desde o território palestino ocupado, reproduz-se uma política de “segurança pública” que, independente da tecnologia empregada, coaduna com o projeto de militarização e controle social, exercido com práticas de guerra, contra a classe trabalhadora brasileira, sobretudo nas favelas e periferias.

Enquanto discursa em repúdio ao genocídio do povo palestino, perpetrado pelo estado de Israel, o governo Lula continua financiando a ocupação israelense. Uma campanha nacional pelo embargo militar a Israel impulsionada desde junho do ano passado denuncia a cumplicidade no genocídio em Gaza e exige medidas concretas e imediatas do governo brasileiro.