UFC rompe relações acadêmicas com universidade sionista

O Conselho Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou em 5 de outubro o rompimento das relações acadêmicas com a Universidade Ben-Gurion do Neguev. O rompimento aconteceu após pressão da comunidade acadêmica.

30 de Outubro de 2025 às 15h00

Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Reprodução/Foto: Viktor Braga/UFC Informa.

O Conselho Universitário (CONSUNI) da Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou na segunda-feira, 5 de outubro, o rompimento das relações acadêmicas com a universidade sionista Ben-Gurion do Neguev. O rompimento aconteceu após pressão da comunidade acadêmica, com destaque dos estudantes e seus representantes no conselho para que a universidade se posicionasse em solidariedade ao povo palestino e sua luta.

Esse não é o primeiro acontecimento desse tipo, nas últimas semanas outras universidades brasileiras anunciaram rompimentos com instituições israelenses. Em 26 de setembro a Universidade de Estadual de Campinas (Unicamp) rompeu acordo com o Instituto de Tecnologia de Israel, sendo seguida no dia 29 de setembro pela Universidade Federal Fluminense (UFF) que rompeu também com a universidade Ben-Gurion.

Esses rompimentos apontam para a necessidade de romper todas as relações com Israel. Apesar dos discursos do governo federal, o Brasil fornece petróleo e outros recursos para o genocídio. Além de manter uma série de relações econômicas, diplomáticas e militares que ajudam a manter o sionismo às custas da vida e trabalho do povo palestino e brasileiro.

Da cooperação ao rompimento

O acordo de cooperação com a instituição israelense na UFC tinha sido renovado na atual gestão da reitoria, em 2023, que também foi em uma visita presencialmente, em comitiva com empresários e representante políticos, e exaltou as parcerias e demonstrou interesse em intensificar os laços. A visita ocorreu em um contexto que se intensificava os bloqueios e crimes da ocupação em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém. Menos de um mês após a visita, no dia 7 de outubro de 2023, ocorreu a Operação Tempestade Al-Aqsa, que conseguiu romper o cerco à Gaza e foi um marco da contraofensiva do povo palestino. As forças sionistas a partir desse momento se lançaram em uma guerra de extermínio, que expôs ao mundo os objetivos da ocupação, com bombardeio à civis, hospitais, escolas, universidades, tendas de refugiados, assassinato de jornalistas e que, segundo os dados do Ministério da Saúde de Gaza, já matou mais de 60 mil pessoas, incluindo 20 mil crianças.

Diante principalmente da pressão estudantil, em 2024 a reitoria já tinha revogado um edital que tinha sido resultado desse acordo de cooperação, mas o rompimento das relações não tinha acontecido até esse momento.

O rompimento de relações acadêmicas (como essa da UFC), comerciais, diplomáticas e outras que são mantidas no Brasil vem sendo denunciadas em diversas manifestações, e ganharam novo eco dia 2 de outubro em um ato ocorrido em pátio da universidade após o sequestro da Flotilha Global Sumud. Entre os sequestrados estava a professora da UFC e deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).

Na quinta-feira anterior ao CONSUNI, a representação discente eleita pela União da Juventude Comunista (UJC) para o conselho propôs a moção que apontava que a universidade deveria adotar medidas efetivas em solidariedade com o povo palestino, como o rompimento das relações. Em unidade com os representantes da gestão do DCE apresentou a moção no conselho, que foi lida, debatida e aprovada.

A moção, além do rompimento da relação institucional, se posiciona contra o sequestro de Luizianne Lins, se solidariza com o povo palestino e se compromete a realizar atividades de conscientização acerca da luta do povo palestino em consonancia com o movimento internacional BDS.