Unicamp rompe acordo com o Instituto de Tecnologia de Israel

Após anos de mobilizações, a comunidade finalmente conquistou o rompimento das relações com o instituto que auxiliava esses atos de violência contra o povo palestino.

2 de Outubro de 2025 às 13h00

Estudantes na assembleia geral que aprovou a paralisação no dia 30/09. Reprodução/Foto: DCE Unicamp.

Nesta terça-feira, os estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) paralisaram as atividades para exigir o rompimento da universidade com o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion); a luta, entretanto, começou muito antes. Desde 2023, com o ato contra a realização da Feira Israelense na Unicamp na frente do local no qual ela seria realizada, impedindo a sua realização, a comunidade vem se mobilizando pelo rompimento das relações entre a Unicamp e entidades ligadas ao Estado israelense. Nos últimos dias, acampamentos e debates pelo fim do genocídio do povo palestino e em solidariedade à Flotilha Global Sumud, que está levando mantimentos até a Faixa de Gaza, foram realizados como parte da mobilização nacional em solidariedade ao povo palestino impulsionada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a rede do movimento estudantil.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, o genocídio em Gaza já matou aproximadamente 66.000 pessoas até o dia 28 de setembro, embora algumas fontes, como o estudo do economista Michael Spagat, estimem a mortalidade como sendo maior; de até 86.000 pessoas mortas de maneira violenta e outras 16.300 de forma indireta até 5 de janeiro de 2025.

Tom Fletcher, Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Socorro de Emergência da ONU, descreveu a situação catastrófica: “Em Gaza, (...) em média, uma criança é morta por hora há quase dois anos”. O Technion tem papel ativo nesse contexto: o instituto faz parcerias com empresas militares israelenses, como, por exemplo, a Elbit Systems e a Rafael Advanced Defense System; fornece fundos de auxílio; isenções de aluguel e extensões acadêmicas a estudantes que servem em Gaza e também desenvolve, ela própria, tecnologias usadas no genocídio. Assim, o instituto tem um papel fundamental no assassinato do povo palestino, pois desenvolve a tecnologia que é diretamente usada para ceifar dezenas de milhares de vidas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

A Unicamp tinha um convênio para fomentar a cooperação acadêmica com o Instituto por meio de projetos de pesquisa em comum e intercâmbio de docentes, pesquisadores e discentes, firmado em agosto de 2023, cinco meses após a tentativa de realização da Feira Israelense. Já nesse ano, com a pressão da comunidade e a escalada do genocídio, o Conselho Universitário da Unicamp aprovou, em 12 de agosto, uma moção pela suspensão das relações entre Brasil e Israel com 42 votos favoráveis, duas abstenções e nenhum voto contrário, que manifestava um “repúdio aos atos de violência perpetrados pelo Estado de Israel contra populações civis na Palestina e, em particular, na Faixa de Gaza”. Entretanto, tal medida ainda era insuficiente. A mobilização continuou pedindo o rompimento de relações. Finalmente, após anos de mobilizações, a comunidade finalmente conquistou o rompimento das relações com o instituto que auxiliava esses atos de violência contra o povo palestino.

Essa vitória nos aponta para o caminho daquilo que almejamos: o rompimento de toda e qualquer relação com o Estado genocida de Israel. O governo brasileiro, apesar das belas palavras, fornece materiais como aço e petróleo para Israel. Ou seja, nossos recursos e o esforço de trabalhadores brasileiros estão sendo usados para alimentar uma máquina genocida que já matou dezenas de milhares de pessoas. É inaceitável que qualquer relação econômica persista entre instituições brasileiras e instituições genocidas. Em suma, é necessário romper com Israel imediatamente!