Lula tem até hoje para vetar a criação do “Dia da Amizade Brasil-Israel”

Em meio ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza, o Senado Federal aprovou, em 20 de maio deste ano, o PL 5.636/2019, que institui o “Dia da Amizade Brasil-Israel”. O PL foi encaminhado para sanção ou veto do presidente Lula, com prazo para apreciação até hoje, 18 de junho.

18 de Junho de 2025 às 13h00

Manifestação em São Paulo pelo rompimento das relações do Brasil com Israel reuniu mais de 30 mil pessoas no dia 15 de junho. Reprodução/Foto: Guilherme Jeronymo/Agência Brasil.

Em meio ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza, o Senado Federal aprovou, em 20 de maio deste ano, o PL 5.636/2019, que institui o “Dia da Amizade Brasil-Israel”. O PL foi encaminhado para sanção ou veto do presidente Lula, com prazo para apreciação até hoje, 18 de junho.

O projeto foi apresentado inicialmente em 2013 pela presidente Dilma Rousseff (PT), e aprovado pela Câmara dos Deputados em 2019. A tramitação no Senado se acelerou em 2023, quando a relatoria foi assumida pelo Senador Carlos Viana (Podemos-MG), e foi impulsionada pelo lobby sionista. Em seu parecer sobre o PL, o relator destaca a participação do “embaixador de Israel no Brasil, bem como representantes da Confederação Israelita do Brasil, do Instituto Brasil Israel, do Makom e da StandWithUs Brasil” em audiência pública sobre o tema em outubro de 2023, mês em que a atual ofensiva israelense sobre Gaza se iniciou.

A aprovação da data vai no sentido contrário às reivindicações de rompimento das relações comerciais e diplomáticas entre Brasil e Israel. No último domingo, 15 de junho, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas do país para protestar contra a cumplicidade tácita do Governo Lula com o genocídio, uma vez que, apesar de o Presidente fazer declarações de denúncia contra Israel, até o momento não realizou quaisquer ações concretas, mesmo após o número de palestinos assassinados por Israel em Gaza ultrapassar 55 mil.

No Senado, a aprovação se deu por unanimidade, contando inclusive com a concordância de senadores petistas. Em entrevista a Opera Mundi, justificando a posição de seu partido, o líder do PT no Senado Rogério Carvalho afirmou que “é válido ressaltar que a homenagem é entre Israel e o Brasil, não entre o atual governo de Israel e o atual governo do Brasil”. No entanto, os movimentos de solidariedade ao povo palestino vêm reiterando que o genocídio é parte de um projeto estatal e não de um governo específico, como destacou Thiago Ávila ao retornar ao Brasil após ser sequestrado por Israel por participar da missão Flotilha Liberdade, que buscava levar ajuda humanitária à Gaza. Para Thiago, Israel é “um estado racista, supremacista, que há 8 décadas pratica genocídio, limpeza étnica” e que “se estruturou num estado de colonização e de apartheid”.

A situação atual é marcada por novos ataques do Estado Sionista contra o Irã iniciados na última sexta-feira (13/06), sob a justificativa de impedir o desenvolvimento de armamento nuclear pelo país. No entanto, quando o ataque aconteceu, o Irã se encontrava em negociações com os Estados Unidos para um acordo em relação a seu programa nuclear, com uma nova rodada de diálogo marcada para acontecer no domingo após o ataque. Em nota, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário afirmou que “esse episódio escancara, mais uma vez, o tipo de Estado com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas, militares e comerciais. Um Estado que assassina civis, ataca a ajuda humanitária e comete crimes de guerra sistemáticos”.