Vereador em Sergipe exalta ditadura militar e ataca homenagens póstumas a Jango e Brizola

O vereador Lúcio Flávio (PL) defendeu o golpe com palavras lamentáveis e de cunho fascista, classificando um dos períodos mais repressivos e violentos para a classe trabalhadora como uma salvação.

17 de Setembro de 2025 às 18h00

Imagem de Lúcio Flávio ao lado de Jair Bolsonaro.

Em um debate acalorado na manhã de 12 de setembro, o vereador de Aracaju, Lúcio Flávio (PL), defendeu abertamente o Golpe Militar de 1964, ocorrido no Brasil, que impediu a volta do presidente João Goulart e instaurou o que iriam se tornar 21 anos de controle político empresarial/militar. A discussão se deu com o vereador Camilo Daniel (PT) e tinha como pano de fundo a recente condenação de Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

Para a discussão, o parlamentar foi com uma camisa que fazia referência à "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", um movimento articulado por militares e financiado por empresários com o objetivo de desestabilizar as reformas de base propostas pelo governo João Goulart, que contava com o apoio da maioria da população à época.

Em sua fala, o vereador alegou que as movimentações políticas de Jango, como as visitas à China e solidariedade a Cuba, eram indicativas de que o Brasil se tornaria um "país comunista" — mesmo Jango sendo um político adepto do trabalhismo. Segundo Lúcio Flávio, a intervenção militar salvou o país desse destino, que, na sua visão, nos levaria a "comer lixo e cachorro". Discurso esse que é replicado e difundido em plataformas como o “Brasil Paralelo”, que distorcem a história e trazem o viés ideológico anti-comunista e pró-classe dominante dentro de seus conteúdos.

O vereador defendeu o golpe com palavras lamentáveis e de cunho fascista, classificando um dos períodos mais repressivos e violentos para a classe trabalhadora como uma salvação. Esse período foi marcado por tortura, perseguição política, assassinatos, fuzilamentos e censura a quaisquer pessoas que atuassem contra o interesse burguês e militar.

Além disso, criticou a entrega dos títulos de cidadania aracajuana, que foram concedidos de forma póstuma a Jango e Leonel Brizola (que perderam esses títulos após a ditadura) em uma sessão solene na Câmara Municipal de Aracaju, classificando o ato como "infeliz".

Histórico recente

Militante ativo da extrema-direita em Sergipe, o vereador tem sido protagonista de diversos episódios de perseguição e intervenção política e ideológica. Ele foi o autor de um pedido de sindicância para investigar "palestras políticas" nas escolas estaduais, alegando "doutrinações". No entanto, foi favorável à inserção de "intervalos bíblicos" em ambientes estudantis, sem considerar tal ato como uma doutrinação.

Lúcio Flávio também protagonizou um discurso de denúncia a um texto para a redação de uma prova do vestibular EAD da Universidade Federal de Sergipe. O texto utilizava dados estatísticos e argumentações para demonstrar que, após a eleição de Jair Bolsonaro, o número de células neonazistas havia aumentado no Brasil. Segundo ele, essa redação era totalmente parcial e estava induzindo os alunos a uma certa ideologia política.