Vereador em Sergipe exalta ditadura militar e ataca homenagens póstumas a Jango e Brizola
O vereador Lúcio Flávio (PL) defendeu o golpe com palavras lamentáveis e de cunho fascista, classificando um dos períodos mais repressivos e violentos para a classe trabalhadora como uma salvação.

Imagem de Lúcio Flávio ao lado de Jair Bolsonaro.
Em um debate acalorado na manhã de 12 de setembro, o vereador de Aracaju, Lúcio Flávio (PL), defendeu abertamente o Golpe Militar de 1964, ocorrido no Brasil, que impediu a volta do presidente João Goulart e instaurou o que iriam se tornar 21 anos de controle político empresarial/militar. A discussão se deu com o vereador Camilo Daniel (PT) e tinha como pano de fundo a recente condenação de Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe de Estado.
Para a discussão, o parlamentar foi com uma camisa que fazia referência à "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", um movimento articulado por militares e financiado por empresários com o objetivo de desestabilizar as reformas de base propostas pelo governo João Goulart, que contava com o apoio da maioria da população à época.
Em sua fala, o vereador alegou que as movimentações políticas de Jango, como as visitas à China e solidariedade a Cuba, eram indicativas de que o Brasil se tornaria um "país comunista" — mesmo Jango sendo um político adepto do trabalhismo. Segundo Lúcio Flávio, a intervenção militar salvou o país desse destino, que, na sua visão, nos levaria a "comer lixo e cachorro". Discurso esse que é replicado e difundido em plataformas como o “Brasil Paralelo”, que distorcem a história e trazem o viés ideológico anti-comunista e pró-classe dominante dentro de seus conteúdos.
O vereador defendeu o golpe com palavras lamentáveis e de cunho fascista, classificando um dos períodos mais repressivos e violentos para a classe trabalhadora como uma salvação. Esse período foi marcado por tortura, perseguição política, assassinatos, fuzilamentos e censura a quaisquer pessoas que atuassem contra o interesse burguês e militar.
Além disso, criticou a entrega dos títulos de cidadania aracajuana, que foram concedidos de forma póstuma a Jango e Leonel Brizola (que perderam esses títulos após a ditadura) em uma sessão solene na Câmara Municipal de Aracaju, classificando o ato como "infeliz".
Histórico recente
Militante ativo da extrema-direita em Sergipe, o vereador tem sido protagonista de diversos episódios de perseguição e intervenção política e ideológica. Ele foi o autor de um pedido de sindicância para investigar "palestras políticas" nas escolas estaduais, alegando "doutrinações". No entanto, foi favorável à inserção de "intervalos bíblicos" em ambientes estudantis, sem considerar tal ato como uma doutrinação.
Lúcio Flávio também protagonizou um discurso de denúncia a um texto para a redação de uma prova do vestibular EAD da Universidade Federal de Sergipe. O texto utilizava dados estatísticos e argumentações para demonstrar que, após a eleição de Jair Bolsonaro, o número de células neonazistas havia aumentado no Brasil. Segundo ele, essa redação era totalmente parcial e estava induzindo os alunos a uma certa ideologia política.