Conselho de Ética aprova parecer pela cassação e Glauber Braga anuncia que resistirá contra perseguição

Com apoio de manifestantes e parlamentares do campo progressista, Glauber reafirmou sua disposição para seguir lutando contra a perseguição operada por Arthur Lira e Hugo Motta.

10 de Abril de 2025 às 23h00

Por Gustavo Pedro

Foi aprovado na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9), o relatório do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) com parecer que recomenda a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Após mais de 6 horas de debates – nos quais, em sua maioria, apenas parlamentares de esquerda e do campo progressista se dispuseram a debater os méritos do relatório –, a votação foi encerrada de forma tensionada, com 13 votos favoráveis e 5 contrários à cassação por quebra de decoro parlamentar.

Na semana anterior, Glauber já havia denunciado a encenação orquestrada em torno do parecer, encomendado à mando de Arthur Lira (PP-AL). A encenação ficou cada vez mais evidente ao longo da sessão. Deputados ligados a Lira, beneficiados pelo emaranhado de esquemas do orçamento secreto, praticamente não se manifestaram no debate. Deputados do PL, por sua vez, ausentaram-se do auditório onde a sessão ocorria, ignorando as discussões, e retornaram em bloco com a solicitação de encerramento das discussões já pronta. Como resultado dessa manobra, diversas falas de deputados inscritos foram cortadas da lista.

O relator do pedido de cassação, buscando interditar o debate, se recusou a responder às dúvidas apresentadas, como a da deputada Natália Bonavides (PT-RN), que questionou o critério utilizado para a dosimetria da pena “recomendada” a Glauber. Magalhães também não teceu comentários acerca de diversos elementos políticos levantados, limitando-se a reafirmar seu voto em poucas palavras. A tática escolhida visava acelerar o processo e “passar o trator” nas discussões.

Sob forte apoio de centenas de manifestantes, presentes nos corredores e sala do Conselho, e de um conjunto de parlamentares do PSOL, PT, PCdoB, PDT e PSB – muitos dos quais não integravam o Conselho de Ética e, portanto, não tinham direito a voto –, Glauber reafirmou sua disposição em seguir lutando contra a perseguição operada por Arthur Lira e continuada por seu aliado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta atrasou, por mais de duas horas, a abertura da Ordem do Dia – que permite início de votações em plenário e encerra as sessões das comissões –, buscando garantir a aprovação célere do relatório de Magalhães no Conselho.

Glauber Braga anunciou, em seu discurso final de defesa na sessão, que entrará com recursos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo um flanco para a judicialização da disputa. Caso o recurso na CCJ seja rejeitado, a decisão final caberá ao plenário da Câmara, onde a cassação exige, ao menos, 257 votos favoráveis.

Como forma de protesto e denúncia frente à perseguição política, Glauber informou também que permanecerá no auditório nos próximos dias (e noites) e seguirá, a partir da realização da sessão que votou o relatório, em greve de fome até a conclusão do processo. O deputado foi prontamente acompanhado por Luiza Erundina (PSOL-SP), que afirmou que se somaria a Glauber na manifestação e convocou mais deputados a se unirem na recusa em deixar o local nas próximas noites.

O Jornal O Futuro e o PCBR prestam firme apoio ao combativo deputado Glauber Braga!