Guapimirim (RJ) e região avançam no armamento da Guarda Municipal e reconhecimento facial
O armamento da guarda municipal, que é agravado por uma série de elementos trazidos na PEC da Segurança Pública, só pode vir a aumentar a letalidade do Estado burguês, armando mais um setor com a justificativa de combate a delitos, o que na prática, não passa de repressão contra a classe trabalhadora sobretudo negra e periférica.

Centro de Monitoramento de Guapimirim(RJ). Reprodução/Foto: Prefeitura de Guapimirim.
Poucos dias antes da chacina perpetrada no Rio de Janeiro do governo Cláudio Castro(PL), 15 guardas municipais de Guapimirim e outras cidades como Sapucaia, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Itaguaí e São Gonçalo concluíram o primeiro curso de formação de instrutores de armamento e tiro do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa foi tocada pela prefeitura da cidade de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
O curso se insere em um contexto mais amplo de iniciativas bastante alinhadas com o que há de mais reacionário no Rio de Janeiro em matéria de segurança pública, explicitando o envolvimento particular de Guapimirim nesse processo na Região Metropolitana, sobretudo a partir da gestão da prefeita Marina Rocha (Agir).
Ainda em setembro, representantes da administração municipal estiveram presentes na Superintendência da Polícia Federal na intenção de discutir o avanço do projeto de armamento da guarda municipal, sendo mais uma das várias parcerias que a prefeitura da cidade vem buscando, tanto a nível estadual quanto federal, para aprimorar seu aparato repressivo.
Um dos exemplos disso é a parceria com o governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da qual Guapimirim mantém um Centro de Monitoramento que, atualmente, funciona 24h e com mais de 70 câmeras, além de contar com tecnologia de reconhecimento facial, chegando a realizar prisões em eventos públicos lotados a partir disso. O centro, iniciado com apenas 30 câmeras em 2023, foi sendo rapidamente expandido.
Com perspectiva de aprimorar ainda mais o sistema de monitoramento então recém criado, em julho do ano passado, uma comitiva da Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil de Guapimirim visitou Maricá. A motivação maior era conhecer mais sobre o Cioesp (Centro Integrado de Operações em Segurança Pública), que opera com mais de 700 câmeras espalhadas por Maricá. A cidade hoje possui como prefeito o Washington Quaquá(PT), figura que demonstra amplamente seu alinhamento com a extrema-direita nessa temática.
Além disso, a administração municipal de Guapimirim, em junho deste ano, chegou a receber o Secretário de Segurança de São José do Vale do Rio Preto, cidade da Região Serrana do Rio. O objetivo era compartilhar a expertise obtida com o Centro de Monitoramento, demonstrando, com isso, o potencial de Guapimirim de catalisar localmente, junto a outras cidades, esse processo de refinamento dos meios repressivos.
O armamento da guarda municipal, que é agravado por uma série de elementos trazidos na PEC da Segurança Pública, só pode vir a aumentar a letalidade do Estado burguês, armando mais um setor com a justificativa de combate a delitos, o que, longe de ir à raiz do problema, na prática, não passa de repressão contra a classe trabalhadora sobretudo negra e periférica.
A posição de Guapimirim, atravessada por vias importantes como a Rio-Teresópolis e a Rio-Friburgo, insere a cidade de maneira particular na dinâmica da “guerra às drogas” no Estado, com uma suposta necessidade de enfrentar o tráfico reiterando os investimentos no aparato repressivo a troco de apreensões ínfimas do ponto de vista relativo. Enquanto os gastos com a pasta da segurança pública aumentam constantemente, servindo ao lucro do mercado privado.
O avanço no uso do reconhecimento facial se dá também em uma cidade com grandes dificuldades de organização de algum tipo de oposição política, inclusive pelo campo social-liberal, andando junto de um histórico de violência política, o que converge para agravar todas as ameaças que o armamento da guarda municipal representa. Torna-se, assim, indispensável a denúncia do processo em curso, que em nada serve à classe trabalhadora em Guapimirim ou em outra parte do Rio de Janeiro.