EDITORIAL: Em meio a barbárie, forjar o futuro!

A tarefa é contrapor a isso um projeto da classe trabalhadora para a educação, a Universidade Popular. Essa é uma tarefa mais difícil do que simplesmente demonstrar os problemas do projeto burguês.

1 de Julho de 2025 às 15h00

O mês de junho ofereceu aos trabalhadores um quadro cada vez mais terrível da vida sob o capitalismo. A intensificação no conflito entre Israel-EUA e Irã mostrou que as contradições do capital continuamente levam a guerra e destruição por toda parte – com a classe trabalhadora, em todo o mundo, sendo usada de bucha de canhão e pagando a conta dessas aventuras da burguesia em busca de mais e mais lucro. Mesmo com o apoio massivo dos povos do mundo todo pelo fim do genocídio palestino, Israel não apenas segue com seu plano de dominação regional, mas o aprofunda e intensifica.

No Brasil, a situação também tem ficado cada vez mais difícil para os trabalhadores. Mesmo sob o constante alerta de todos os estudiosos da questão climática e ambiental, a concessão de mais e mais florestas ao domínio da grande burguesia tem sido uma constante do atual governo, que busca essa aliança com a agroindústria como forma de expandir suas bases de apoio. Ao mesmo tempo, a popularidade do próprio governo diminui, porque as medidas cosméticas e demagógicas do governo não tocam nos principais problemas imediatos dos trabalhadores, que são o custo de vida e as condições de trabalho. Escândalos como o dos descontos do INSS, seguidos da resposta morosa e insuficiente do governo, só aumentam a desconfiança e a desilusão dos trabalhadores.

Neste mês, milhares de estudantes do Brasil inteiro estão se preparando para participarem do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que deverá debater e aprovar os rumos da luta em defesa da educação nos próximos dois anos. Não poderá haver um momento mais propício para isso. Hoje, os monopólios educacionais exercem um papel central na política educacional do governo, com a presença de instituições ligadas ao bilionário Jorge Paulo Lemann sendo centrais no preparo e no lobby em torno das políticas públicas para o setor.

O cenário atual é desastroso – universidades federais de renome ameaçando paralisar suas atividades por não terem verba para pagar sua eletricidade, congelamento e cortes de bolsas de pesquisa e permanência estudantil e um subfinanciamento acumulado na casa dos bilhões de reais são apenas alguns aspectos do atual projeto em curso. A resposta vem dos grandes capitalistas: reduzir o investimento na educação pública e aumentar a transferência de recurso para a educação privada, como no caso da expansão do FIES, subsidiando juros bancários e literalmente pagando para as universidades. A diferença desse projeto para uma educação 100% pública é um escândalo.

Do ponto de vista dos limites institucionais, o principal empecilho atual é o autoimposto Novo Teto de Gastos (ou, no eufemismo escolhido pelo governo, “Novo Arcabouço Fiscal”), que é matematicamente incompatível com os pisos constitucionais de investimento não só em educação, mas também em saúde. O objetivo atual do governo é estrangular ainda mais e reduzir o aporte correspondente ao investimento de longo prazo na educação, como acontecerá com a inclusão do demagógico programa Pé-De-Meia.

Os estudantes têm agora uma oportunidade e uma tarefa, assim como toda a classe trabalhadora, em particular os trabalhadores da educação, que têm aumentado sua mobilização nos últimos meses em diversas lutas parciais. A oportunidade é de demonstrar, de maneira incontestável, que o projeto da burguesia e do governo federal é um projeto inimigo da educação pública e dos trabalhadores – e é uma oportunidade porque são quase óbvios os fatos e divulgados amplamente pelo próprio governo. A tarefa é contrapor a isso um projeto da classe trabalhadora para a educação, a Universidade Popular. Essa é uma tarefa mais difícil do que simplesmente demonstrar os problemas do projeto burguês. E é difícil especialmente porque exige combater as diversas forças e organizações políticas que, entre os estudantes, agem como mensageiros do projeto governista burguês. Combater essas expressões e forjar, ao mesmo tempo, a unidade do movimento estudantil com o movimento dos trabalhadores da educação é a única esperança para barrar esses ataques em curso.