Trabalhadores da Petrobrás iniciam greve nacional a partir desta segunda (15)

O indicativo de greve nacional foi aprovado nas bases por tempo indeterminado, até que a empresa atenda às demandas da categoria que vem sendo ignorada. O movimento atinge as bases operacionais e administrativas da Petrobrás.

16 de Dezembro de 2025 às 0h00

Petroleiros em greve e apoiadores se reuniram para a realização de piquete em frente ao arco da REDUC, em Duque de Caxias, desde o início da madrugada. Foto: Jornal O Futuro.

Por Gustavo Pedro

A categoria petroleira iniciou, nesta segunda-feira (15), uma greve nacional por tempo indeterminado que atinge as bases operacionais e administrativas da Petrobrás. O movimento paredista, organizado através dos sindicatos filiados às duas federações nacionais da categoria (FNP e FUP), organizou a mobilização dos trabalhadores para a paralisação de atividades e realização de piquetes por todo o país.

Dando consequência à demandas da categoria que se expressaram, durante o ano de 2025, em mobilizações para a greve de 26 de março e também mobilizações dos aposentados e pensionistas da Petrobrás contra os “PEDs assassinos”, a greve convocada a partir de hoje cumpre também um papel unificar as lutas da categoria em meio às negociações do ACT 2025-2026 com a gestão de Magda Chambriard, indicada por Lula à presidência da empresa. A categoria rechaçou a segunda contraproposta da empresa, apelidando-a de “proposta chama greve”.

Para além de irrisórios 0,5% de ganho salarial, que foram propostos enquanto a empresa anunciava lucro líquido de R$ 32,7 bilhões apenas no terceiro trimestre de 2025, a gestão Magda na Petrobrás, seguindo suas práticas de ignorar demandas e espaços de negociação, também segue enrolando a categoria. Foi considerada enquanto uma provocação a abordagem da empresa acerca de temas como a extinção dos descontos dos PEDs, as negociações relativas ao teletrabalho, o corte de remuneração com os desimplantes de trabalhadores que estavam embarcados anteriormente e da construção do Plano de Cargos, Carreira e Salários, dentre vários outros temas.

As atividades da greve na Refinaria de Duque de Caxias

A greve teve início às 00h, com importante adesão em todo o território nacional. O dia amanheceu com movimentos de desembarque em 17 plataformas, corte de rendição em 6 refinarias e adesão de setores administrativos. A gestão da Petrobrás buscou, em todos os locais, dificultar e constranger o direito de greve dos trabalhadores por diversos meios.

Na Refinaria Duque de Caxias, onde O Futuro acompanhou diretamente o movimento grevista, os piquetes começaram ainda durante a madrugada, visando o corte de rendição na troca de turnos. Com a expressiva adesão da categoria e a realização de piquetes em todas as entradas da refinaria, a gestão da Petrobrás acionou a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) para reprimir a mobilização.

Por volta das 7 horas da manhã a mobilização já causava grande impacto, particularmente no acúmulo de caminhões em frente ao portão 5 da refinaria e no trânsito da Rodovia Washington Luiz. O resultado da ação da gestão da empresa, como pode ser visto no vídeo abaixo, foi a prisão arbitrária e truculenta de dois sindicalistas, Marcello Bernardo (Secretário Geral do Sindipetro Caxias) e Fernando Ramos (membro da CIPA), que apenas manifestavam seu direito constitucional de greve enquanto a PM agia na defesa dos interesses da gestão da empresa e de seus acionistas.

Reprodução: Sindipetro Caxias.

A denúncia das práticas antissindicais da empresa, que convocou os policiais para agredirem e prender sindicalistas, reverberou com bastante força na categoria e iniciou uma onda de solidariedade de diversos movimentos, centrais e partidos políticos de esquerda através das redes sociais.

Durante a assembleia de avaliação dos primeiros momentos da greve, realizada em frente ao Arco da REDUC, foram compartilhadas diversas falas de solidariedade, mas também eram repassados informes em tempo real sobre a situação dos sindicalistas presos e dos informes nacionais sobre as mobilizações no país. Foi ressaltada também a importância da ocupação-vigília na entrada do edifício sede da Petrobrás pelos aposentados da categoria, que já conta de 4 dias. Ambos os sindicalistas presos foram soltos ainda durante a realização da assembleia.

Registro da assembleia, realizada em frente ao Arco da REDUC. Foto: Jornal O Futuro.

A greve, que vem ganhando apoio crescente entre as bases operárias, é uma resposta direta às investidas do governo Lula-Alckmin e da Petrobrás em reduzir direitos dos trabalhadores enquanto beneficiam os acionistas em uma política que enfraquece a própria empresa.

Nesse contexto, a luta dos petroleiros vai além da luta econômica por melhores condições salariais e se insere numa batalha mais ampla pela preservação do patrimônio nacional e pela manutenção dos direitos conquistados ao longo de décadas de luta operária. A resposta dos trabalhadores será a manutenção da mobilização, com a aprovação da construção de um ato – marcado para o dia 16 de dezembro, às 7h da manhã –, em denúncia à repressão vivenciada pela manhã, e em defesa da liberdade sindical e dos direitos dos trabalhadores da Petrobrás.