Trabalhadores da cultura se organizam contra a censura do funk e rap em Belo Horizonte
O movimento “BH vai virar baile”, que reúne funkeiros, DJs, MCs e produtores musicais e culturais, convoca ato político neste sábado (12) às 13h na Praça da Estação, contra o PL 89/2025 da bancada do Partido Liberal e Democracia Cristã na Câmara Municipal e se soma às mobilizações contrárias à “Lei Anti Oruam”.

Final do Duelo de MCs Nacional de 2017 no Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte. Reprodução/Foto: Mídia Ninja
Por Pitico e Nino Araújo (el niño)
Trabalhadores da cultura de Belo Horizonte se organizam contra políticas de censura à cultura periférica na cidade, com destaque para o PL 89/2025, com autoria dos vereadores Pablo Almeida (PL), Sargento Jalyson (PL), Uner Augusto (PL), Vile Santos (PL) e Flávia Borja (Democracia Cristã), que visa censurar as músicas que podem ser tocadas dentro de escolas e instituições de ensino públicas ou privadas na capital.
O texto inicial do PL prevê, em parágrafo único, a proibição da “execução ou interpretação do gênero musical Funk, em qualquer ocasião, evento ou atividade escolar, dentro ou fora das dependências, das Escolas e Instituições de Ensino no Município de Belo Horizonte”.
Esse Projeto se inscreve num contexto mais amplo de criminalização da cultura periférica no Brasil e no mundo, impulsionando projetos de lei conhecidos como “Anti-Oruam”. Leis semelhantes foram apresentadas em diversas cidades do Brasil, a exemplo do município de São Carlos (SP) que aprovou recentemente o PL 25/2025 com autoria do vereador Leandro Guerreiro (PL).
Na capital mineira, o PL se apresenta em defesa da proteção das crianças e da educação infantil, embora vise a criminalização de expressões culturais e artísticas nas escolas. Enquanto isso, a greve de 29 dias dos trabalhadores concursados, findada na última sexta-feira (04/07), deflagrou o quadro de precarização das condições de trabalho e a desvalorização da educação perpetrada pela Prefeitura, na atual gestão de Álvaro Damião (União Brasil).
Políticas de censura à qualquer forma e expressão artística, como são os PLs “anti Oruam” que avançam em todo o país, reforçam o quadro racista e desigual da sociedade brasileira, não apenas com a tentativa de silenciamento de vozes e expressões periféricas, mas sobretudo sufocando a produção cultural e artística como forma de sustento de milhares de trabalhadores e suas famílias que dependem da cena do funk e do rap.
A mobilização dos trabalhadores da cultura em BH, com ato convocado para este próximo sábado (12) às 13h na Praça da Estação, aponta para a auto organização da classe trabalhadora e aposta que será pelas ruas, assim como foi criado, o funk será preservado e continuará vivo, se transformando e transformando os trabalhadores.