Zema aumenta novamente a passagem do metrô de Belo Horizonte

Passados mais de 2 anos desde a concessão, a gestão privada é marcada pela demissão em massa de mais de 1000 trabalhadores, pelo atraso nas obras, pela remoção forçada de famílias de suas moradias para construção da linha e pela precarização do serviço.

27 de Junho de 2025 às 21h00

Governador Romeu Zema, de Minas Gerais, em visita à China, onde são fabricados os trens da MetrôBH. Reprodução/Foto: Redes sociais.

O governo de Romeu Zema autorizou o aumento da passagem do metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte para R$ 5,80 a partir do dia 1° de julho. Isso corresponde a um acréscimo de 5,45%, somando um aumento total de 36% desde a privatização em 2023. A resolução que define o novo valor foi publicada no dia 24 de junho no Diário Oficial de Minas Gerais.

Além do aumento acumulado de R$ 1,30 desde 2023, a ofensiva do governo Zema contra os usuários do metrô se estende desde 2019. Naquele ano, a passagem custava R$ 1,80, e o metrô da RMBH ainda era parte da CBTU, uma estatal federal. Para viabilizar a privatização, Zema e Bolsonaro atuaram para submeter o serviço à lógica do lucro e desmoralizar o caráter estatal da empresa. Em um movimento coordenado entre os governos estadual e federal, foram efetuados 7 aumentos entre 2019 e 2021, fazendo com que a passagem alcançasse R$ 4,50. Além disso, em 2021 foi realizada a cisão do metrô da RMBH para que a estatal pudesse ser vendida como uma empresa separada da CBTU.

A construção do consenso em torno da privatização também envolveu a instrumentalização de uma reivindicação histórica da população belorizontina: a expansão do metrô. A entrega dos bens públicos foi associada à promessa de construção da Linha 2 até a região do Barreiro. No entanto, já no momento da concessão estava definido que quase 90% do financiamento das obras seria feito com dinheiro público. O Governo Federal arca com R$ 2,8 bilhões e o de Minas Gerais aporta R$ 440 milhões.

Passados mais de 2 anos desde a concessão, a gestão privada é marcada pela demissão em massa de mais de 1000 trabalhadores, pelo atraso nas obras, pela remoção forçada de famílias de suas moradias para construção da linha e pela precarização do serviço. O Governo Zema já aceitou que a Linha 2 seja operada em uma única via, a chamada via singela, o que tornará as viagens mais demoradas no novo trecho.

Por sua vez, o governo Lula deu aval à entrega do metrô, mesmo após o Presidente ter afirmado em campanha que não haveria privatização em seu governo. Em 2022, no período de transição, o vice-presidente Geraldo Alckmin manifestou a anuência do governo eleito para a continuidade da entrega da empresa. A partir de janeiro de 2023, já no novo governo, não houve qualquer ação no sentido de impedir o avanço do processo, mesmo com grande pressão dos metroviários. Recentemente, a participação do Governo Federal na privatização em curso do metrô de Recife e da Trensurb em Porto Alegre reafirmam o compromisso da gestão petista com o mesmo projeto neoliberal de Zema e Bolsonaro.

Atualmente, a passagem do metrô da RMBH é a segunda mais cara do país, atrás apenas do metrô do Rio de Janeiro, que também é privatizado e tem a tarifa de R$ 7,90. Considerando a passagem por quilômetro, o custo na capital mineira é o maior do Brasil.