Em meio a fortalecimento da PM na Bahia, Salvador e Região Metropolitana atingem 100ª chacina em três anos
A crise de segurança pública no estado já é marca registrada das gestões petistas, que impulsionam táticas hostis contra a classe trabalhadora.

Reprodução/Foto: PMBA/Divulgação
Na madrugada do dia 4 de março, 12 pessoas foram assassinadas em uma operação policial feita pela Polícia Militar da Bahia, no bairro Fazenda Coutos, periferia de Salvador. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, essa foi a 100ª chacina na Região Metropolitana de Salvador nos últimos três anos, e 67% dessas chacinas ocorreram em meio a intervenções policiais.
De acordo com o relato da Secretaria de Segurança Pública do estado, as vítimas tinham entre 17 e 27 anos, e este é só mais um dos casos que retrata a realidade das periferias brasileiras, onde jovens são mortos diariamente por violência policial.
O Estado da Bahia coleciona recordes de letalidade ano após ano e possui a polícia mais letal do país desde 2022. Além disso, outro dado que chama bastante atenção é o índice de vítimas negras da letalidade policial. Enquanto a população negra representa 79,7% do estado, em 2023, foram 1.702 óbitos por intervenção policial, das quais, 1.610 vítimas eram negras, o que corresponde a 94,6% do total.
Não é coincidência que as chacinas só aconteçam em bairros periféricos, não é coincidência que a imensa maioria das vítimas sejam jovens negros. O racismo presente nos métodos utilizados pela polícia está intrinsecamente ligado ao projeto de dominação burguês, que busca instrumentalizar as forças do Estado para ampliar o controle social de uma parcela marginalizada da população, baseada em uma justificativa pífia de combater o narcotráfico e o crime organizado.
No ano de 2024, foram 1.557 mortes por intervenção policial e, enquanto isso, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) celebra os 200 anos da PM na Bahia e exalta os investimentos no setor militar, em uma clara postura negacionista, desconsiderando todas as estatísticas que revelam a realidade brutal e cruel da violência policial no estado.
Sob governos do PT desde 2007, a crise de segurança pública no estado já é marca registrada das gestões petistas, que impulsionam táticas hostis contra a classe trabalhadora, e se agarram numa alegação fantasiosa de que o policiamento ostensivo vai resolver todos os problemas de uma falida guerra contra às drogas.
O projeto de segurança na Bahia, assim como nos demais Estados do país, não se trata de garantir o bem estar e proteção do povo, mas sim de garantir que moradores das periferias estejam sempre subordinados à uma elite burguesa e racista, que usa a violência para reforçar a exploração e marginalização da classe trabalhadora.
Em meio aos absurdos índices de assassinatos e constantes abusos cometidos por policiais, medidas como a ADPF das Favelas, apesar de serem limitadas, têm um potencial fundamental para aglutinar os debates pela restrição do uso ostensivo da força policial e aprofundar as lutas contra a violência policial como um todo, pois, milhares de jovens seguem sendo vítimas dessa estrutura racista, e que só existe para promover a criminalização da pobreza e manter a dominação social de uma classe sobre outra.