Ato em apoio a Glauber Braga no RJ demonstra força contra perseguição
Manifestantes se reuniram em ato de apoio ao deputado Glauber Braga (PSOL) contra a perseguição que vem sendo operada por Arthur Lira (PP) e seus aliados no esquema do orçamento secreto.

Reprodução/Foto: Renan Silva/Instagram Glauber Braga.
Por Gustavo Pedro
Manifestantes se reuniram, no dia 24 de abril, na praça da Cinelândia, em frente às escadarias da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, em ato de apoio ao deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a perseguição que vem sendo operada por Arthur Lira (PP-AL) e seus aliados no esquema de desvio de verbas públicas do orçamento secreto. Com um número de manifestantes presentes que ultrapassou a casa dos milhares, o ato aglutinou diversos partidos e correntes políticas de esquerda, parlamentares, sindicatos, movimentos sociais e apoiadores das lutas dos trabalhadores nas quais o mandato combativo de Glauber vem se colocando sempre à disposição para impulsioná-las.
Em 9 de abril foi aprovado, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o relatório de Paulo Magalhães (PSD-BA), no qual fica cada vez mais nítida a encomenda de seu parecer diretamente por Arthur Lira, que recomendou a cassação do mandato pelo plenário da Câmara, por quebra de decoro parlamentar. Nessa sessão o relator se negou a responder os questionamentos e parlamentares da direita e extrema-direita utilizaram manobras regimentais para cassar o direito à palavra de diversos deputados. Como resposta, Glauber anunciou que resistiria contra a perseguição e iniciou uma greve de fome dentro do Congresso.
A greve de fome iniciada pelo deputado se estendeu por nove dias e mobilizou centenas de militantes que realizaram atividades de apoio ao mandato de Glauber na sala do Conselho de Ética, como no ato ecumênico, um ato do movimento estudantil, uma roda de samba e diversas reuniões com lideranças políticas e sindicais. A repercussão nacional e midiática da resistência contra a perseguição fez ressoar as denúncias contra o orçamento secreto e dos métodos escusos de Lira para calar seus opositores.
Com isso, o presidente da Câmara dos Deputados, e aliado de Lira, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi obrigado a recuar momentaneamente no “método de atropelo” em curso, se comprometendo a pautar a cassação em plenário 60 dias após o julgamento do recurso de Glauber na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Se, por um lado, impor um freio ao processo, adiando seu desfecho, foi uma vitória das mobilizações populares em favor do mandato, por outro, a perseguição segue em curso na Câmara. Na primeira sessão de discussão do caso na CCJ ficou nítido, tanto pela postura do presidente da Comissão quanto do relator do caso, que não há abertura para questionamentos acerca dos vícios e inconstitucionalidades flagrantes do processo.
Também neste 24 de abril, a Mesa Diretora, comandada por Hugo Motta, enviou um recado bastante nítido a Glauber ao utilizar manobra regimental para não cassar em plenário o mandato de Chiquinho Brazão (atualmente sem partido). Brazão é um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL) e recentemente teve sua prisão convertida em prisão domiciliar. Ao cassá-lo em decorrência de suas faltas no Congresso, Motta busca demonstrar que o assassino de Marielle poderá manter seus direitos políticos preservados, mas que isso não valerá para quem enfrentar Lira.
A votação do recurso apresentado por Glauber foi adiada, em decorrência de pedido de vista apresentado na primeira sessão da CCJ, para o dia 29 de abril. Movimentos que apoiam o deputado já se articulam para realizar um atos de denúncia contra a perseguição em curso, tanto no dia 29 de abril, durante essa sessão, quanto nos próximos meses. A cassação em plenário, caso ocorra, resultará na perda dos direitos políticos de Glauber por 10 anos.
A votação do recurso na CCJ, que já se mostra como um jogo de cartas marcadas, abrirá o processo de contagem do prazo de 60 dias para a votação em plenário e da necessária resposta nas ruas dos movimentos populares contra a perseguição política a Glauber e pela denúncia da máfia de Arthur Lira que comanda o esquema do orçamento secreto no Congresso Nacional.