Estudante é preso nos EUA por apoiar a causa Palestina
A detenção de Khalil faz parte da ofensiva política de Donald Trump, que, por meio de decretos presidenciais, tem criminalizado a luta em defesa da Palestina, classificando qualquer oposição ao apartheid israelense como "antissemitismo".

Reprodução/Fonte: BBC/Getty Images
A recente prisão do estudante palestino Mahmoud Khalil pelo governo estadunidense expõe, mais uma vez, a escalada repressiva contra aqueles que denunciam os crimes cometidos por Israel contra o povo palestino. Khalil, um dos organizadores da ocupação estudantil da Universidade Columbia em solidariedade à Palestina, foi detido no dia 8 de março pelo ICE (Immigration and Customs Enforcement), sob a justificativa de que seu visto de estudante teria sido revogado. No entanto, sua advogada, Amy Greer, esclareceu que Khalil é portador de um green card, documento que confere residência permanente legal nos EUA, tornando sua prisão completamente ilegal.
A detenção de Khalil faz parte da ofensiva política de Donald Trump, que, por meio de decretos presidenciais, tem criminalizado a luta em defesa da Palestina, classificando qualquer oposição ao apartheid israelense como "antissemitismo" (sic). O governo estadunidense tem ameaçado deportar militantes, estudantes e imigrantes que participam da resistência e denunciam as agressões sionistas. Trump, em sua plataforma de rede social Truth Social, acusou Khalil de ser um "estudante radical a favor do Hamas", e ameaçou: "Esta é a primeira prisão de muitas que virão".
Khalil, um refugiado palestino criado na Síria, foi inicialmente detido em um centro de imigração de Nova Jersey antes de ser transferido para um centro de detenção em Jena, na Louisiana. Sua esposa, grávida de oito meses, enfrentou dificuldades no início para saber sua localização. Quando tentou visitá-lo, os funcionários informaram que ele não estava lá, e apenas horas depois foi revelado que ele estava sendo levado para a Louisiana. Sua advogada, Amy Greer, trabalhou durante toda a noite em uma ação judicial para contestar a detenção ilegal e localizá-lo.
Além disso, o governo de Trump tem utilizado de outras ferramentas para sufocar a luta de solidariedade internacional. Acusando a Universidade de Columbia de não combater o "antissemitismo" no campus, decidiu rescindir US$ 400 milhões em subsídios federais destinados à universidade como represália. Michael Thaddeus, professor da universidade, condenou a prisão de Khalil, afirmando: "Agora nos deparamos com a terrível realidade de que um de nossos alunos, um membro da comunidade de Columbia, se tornou um preso político aqui nos Estados Unidos." O processo ainda não foi concluído e o estudante está buscando se defender judicialmente.
Em solidariedade a Mahmoud Khalil, a União Nacional dos Estudantes (UNE) emitiu uma nota condenando sua prisão e reiterando o apoio à resistência palestina. A perseguição sofrida por Khalil assemelha-se ao que estudantes da USP enfrentaram nos últimos meses, quando foram acusados de "antissemitismo" e ameaçados de expulsão devido ao seu posicionamento em favor da Palestina. Um dos estudantes, que também foi alvo de perseguição, conseguiu concluir seus estudos, mas a repressão contra os militantes solidários ao povo palestino segue se intensificando no mundo inteiro.
A Palestina segue sob ameaça
O caso de Mahmoud Khalil também se insere no contexto da crescente repressão à Palestina e à sua defesa global. Trump não esconde seus planos para a Faixa de Gaza, divulgando recentemente sua intenção de deslocar toda a população palestina e transformar o território em um resort para bilionários estadunidenses. Essa proposta escancara a política de limpeza étnica conduzida por Israel com o apoio incondicional dos EUA, enquanto milhares de palestinos são massacrados e expulsos de suas terras.
Em paralelo, o governo israelense, que já vinha dificultando a entrada de ajuda humanitária em Gaza desde 2 de março, rompeu unilateralmente o cessar-fogo no dia 17 de março e retomou o genocídio, matando mais de 400 pessoas, na noite mais violenta desde o início do conflito. As movimentações de Trump já eram denunciadas pelos porta-vozes do Hamas como ameaças às negociações.
A repressão política dentro dos Estados Unidos e a violência colonial imposta sobre o povo palestino são duas faces da brutalidade do imperialismo, exposto sem disfarces. A resistência palestina e a solidariedade ao redor do mundo seguem se mobilizando para denunciar tais movimentos e conquistar uma Palestina livre do rio ao mar.