Ato por liberdade sindical marca o segundo dia da greve petroleira em Duque de Caxias
Os petroleiros da REDUC realizaram hoje (16) um ato por liberdade sindical e pela construção de um ACT que atenda às demandas da categoria. Cenas de violência policial contra sindicalistas motivaram a chamada do ato.

Petroleiros e apoiadores no segundo dia de greve na REDUC. Foto: O Futuro.
Por Gustavo Pedro
Os petroleiros da Refinaria Duque de Caxias realizaram hoje (16), no segundo dia da greve nacional da categoria, um ato por liberdade sindical e pela construção de um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que atenda às demandas da categoria. A greve nacional teve início no dia 15 de dezembro e cenas de violência policial contra sindicalistas no portão 5 da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) viralizaram nas redes sociais, o que motivou a chamada do ato.
Os sindicalistas Marcello Bernardo, secretário geral do Sindipetro Caxias, e Fernando Ramos, membro da CIPA, tiveram suas roupas rasgadas, foram jogados ao chão e sofreram contusões nos braços e pulsos. Fernando Ramos teve a voz de prisão anunciada ao filmar os policiais que buscavam amedrontar a categoria, enquanto Marcello foi preso por se solidarizar ao companheiro, em meio à situação de abuso de autoridade dos agentes, ao abraçá-lo para que não fosse levado à força. Como era flagrante a ilegalidade da ação policial, ambos foram brevemente liberados na delegacia, como veiculado anteriormente em O Futuro.
A violência utilizada pelos agentes da PMERJ, realizada após a convocação dos mesmos pela gestão da refinaria da Petrobras, demonstra não apenas os métodos pelos quais a polícia busca “servir e proteger” os acionistas e gestores que se sentem “prejudicados” quando os grevistas lutam por seus direitos. Demonstra também, de forma bastante nítida, como a direção da Petrobras adere a todo tipo de prática antissindical para manter sua política de privilégios aos acionistas.
A assembleia de avaliação da greve
Após uma grande sequência de saudações e demonstrações de solidariedade realizada por centrais, integrantes de outros sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos e do deputado Glauber Braga, a assembleia, comandada pelos dirigentes do Sindipetro Caxias, serviu para que fossem repassados diversos informes para a base da categoria. Foram atualizados os números de locais aderindo à greve pelo país em bases da FUP, assim como o fortalecimento do movimento grevista em bases da FNP, em comparação a greves passadas.

Petroleiros discutem informes da greve em assembleia. Foto: O Futuro.
Teve destaque também a denúncia de que a Petrobras segue impedindo a saída de diversos trabalhadores de dentro da REDUC desde o início da greve. Esse tipo de ação da gestão visa esticar os turnos de quem já estava dentro da refinaria, para manter a produção com o mínimo de baixa possível, e evitar que trabalhadores dos turnos saiam da refinaria e não voltem para os seus postos, por aderência à greve. Há relatos de trabalhadores que estão há mais de 36 horas na refinaria, enquanto outros só conseguiram sair por meio da ida ao setor médico, por exaustão e fadiga.
O sindicato informou que havia entrado com um habeas corpus e diversas medidas legais, incluindo representações no Ministério do Trabalho, para denunciar a situação de manutenção de “trabalhadores exaustos em cárcere privado com risco à saúde destes e da segurança operacional e das comunidades do entorno da refinaria”.
Após a finalização dos informes relativos às denúncias, que surgiram a partir dos relatos de petroleiros que conseguiram sair da refinaria, a categoria aprovou a continuidade do movimento grevista por tempo indeterminado. Uma nova assembleia de avaliação foi marcada para a manhã do dia 17 de dezembro (quarta).
Apesar da chegada de auditores do Ministério do Trabalho à REDUC durante o período da tarde, visando fiscalizar as condições de trabalho e as denúncias de trabalhadores retidos, até o fechamento desta matéria não tinham sido divulgadas novas informações.
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