Trabalhadores do Zaffari organizam greve para o 1º de Maio
União dos trabalhadores do Zaffari convoca greve para denunciar a escala de 10 dias consecutivos de trabalho e outras violações de direitos trabalhistas.

Panfletagem em frente ao Zaffari. Foto: Jornal O Futuro.
Por Theo Dalla
O Primeiro de Maio deste ano, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, será marcado por uma greve histórica: trabalhadores do Grupo Zaffari, denunciado por realizar a escala de 10 dias consecutivos de trabalho e outras violações de direitos trabalhistas, aprovaram a convocação de uma greve, exigindo a redução da escala, o aumento do salário, o fim das horas extras obrigatórias (dias de dobra), da manipulação do banco de horas, do controle do uso banheiro e outros abusos. A convocação foi feita pela União dos Trabalhadores do Zaffari e teve apoio de mais de 300 funcionários.
Sem apoio do sindicato, o Sindec-POA (Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre), cuja direção é cúmplice na definição da escala 10x1 e serviçal da família Zaffari, a greve dos funcionários tem um caráter não convencional, mas a União garante que estão tomando medidas para garantir a legalidade do movimento. Por meio das redes sociais, faz um trabalho de esclarecimento de dúvidas e convencimento dos trabalhadores, cuja base é de cerca de 8 mil trabalhadores em Porto Alegre, divididos em cerca de 30 lojas espalhadas por toda a cidade.
O Grupo Zaffari, que anunciou investimentos de R$1,5 bilhões de reais em 2025, não deu qualquer justificativa para as violações trabalhistas que comete, limitando-se a dizer que a escala 10x1 tem anuência do Ministério do Trabalho e da Convenção do sindicato, após o que sugeriu que, quem está insatisfeito com o trabalho, deve pedir demissão. O Grupo Zaffari, em 2023, teve um faturamento de R$7,6 bilhões e lucrou R$640 milhões. O seu custo com mão de obra foi de apenas R$36 milhões.
As reivindicações apresentadas pelos trabalhadores receberam mais de 300 assinaturas em um abaixo-assinado realizado nos últimos três meses. Os trabalhadores exigem:
1) Aumento de 100% no salário;
2) Escala 5x2, com pelo menos um final de semana livre por mês;
3) Limite de 40h semanais;
4) Fim das horas extras obrigatórias (dias de dobra);
5) Fim do controle e restrição do uso do banheiro;
6) Fim dos desvios de função cotidianos;
7) Fim dos descontos injustos e da manipulação do banco de horas.
Apesar de o Zaffari já fazer tentativas de constrangimento dos trabalhadores, os proibindo de receber panfletos relativos à greve e ameaçando punições, o que configura infração anti-sindical, diversos trabalhadores mantêm a cabeça erguida e à disposição da luta. A rotatividade na empresa, que chega a 100% ao ano, é outro fator que dificulta a greve, porque não tem continuidade dos trabalhadores, alterando constantemente as equipes. Porém, mesmo os funcionários mais antigos estão dispostos à luta grevista.