EDITORIAL: Pinkwashing, greenwashing e… redwashing?

Entre os elementos que sustentam o capitalismo, a ideologia é certamente um dos mais centrais. Uma parte importante dos ataques ideológicos da burguesia é pintar suas medidas como “progressistas”, fingindo demonstrar preocupação social, mas, no fundo, mantendo o sistema em pleno funcionamento.

1 de Junho de 2025 às 13h00

Entre os elementos que sustentam o capitalismo, a ideologia é certamente um dos mais centrais. Uma parte importante dos ataques ideológicos da burguesia é pintar suas medidas como “progressistas”, fingindo demonstrar preocupação social, mas, no fundo, mantendo o sistema em pleno funcionamento.

O mês de junho é reconhecido por ser o mesmo do Orgulho LGBTI+, uma homenagem à Revolta de Stonewall, nos EUA, quando um ataque policial ao bar LGBTI+ Stonewall Inn, na cidade de Nova Iorque, deu início a uma série de protestos, manifestações e confrontos, expondo a olhos nus o grau de marginalização social e opressão que sofria a população. Hoje, no entanto, mesmo os grandes monopólios capitalistas afirmam políticas de “diversidade” e de respeito à população LGBTI+, uma prática conhecida como pinkwashing (algo como “lavar de rosa” em português). A realidade, contudo, é que esses grandes monopólios exploram os LGBTI+, que não raro estão em empregos de alta rotatividade, marginalização e, particularmente a população T, na prostituição.

É justamente essa população T que é alvo de um ataque brutal ao seu acesso à saúde. A Resolução 2427 do Conselho Federal de Medicina proíbe o tratamento hormonal para pessoas trans antes dos 18 anos, o que pode levar a perseguição e cassação do registro para médicos comprometidos com um atendimento de qualidade à essa população. Obviamente, isso tem um impacto menos significativo nos setores da burguesia, que sempre podem pagar médicos particulares para esses casos. A luta contra essa Resolução do CFM e contra a transfobia é parte da luta dos trabalhadores por sua saúde e condições de vida e dignidade mínimas.

Mas não é só na questão LGBTI+ que essas manobras ideológicas estão ocorrendo. Nesse ano, também teremos no Brasil a COP 30, evento que une os países da ONU para debater a questão climática e ambiental. É aí que vemos outra prática, a do greenwashing. Iludindo os trabalhadores de que é possível um “capitalismo verde”, com os planos imperialistas diretamente apontados para a Amazônia, a burguesia nacional e internacional se reunirá na cidade de Belém (PA) em novembro não para resolver a crise climática e ambiental – mas para descobrir como lucrar mais com ela. O mercado de créditos de carbono é um dos exemplos mais gritantes: é através dele que os países mais industrializados podem literalmente “comprar” cotas de poluição e degradação ambiental.

Combater essas medidas é uma necessidade imediata, se não quisermos que a humanidade sucumba à degradação produzida pelo capitalismo. Nesse ano, vários movimentos sociais devem se reunir em esforços de uma “AntiCOP30” – sem confiar em nenhum momento naqueles que acham que é possível “disputar” ou “democratizar” uma reunião dos Estados burgueses.

O governo de Lula e Alckmin é hoje um impulsionador dessas ilusões no capitalismo. Apoiando integralmente o greenwashing da COP30, em aliança com Helder Barbalho (governador do Pará), mostra seu total desrespeito não só com a questão climática e ambiental, mas também com os povos indígenas e comunidades tradicionais afetadas por ela, particularmente no Norte do Brasil. Ainda que tenha feito uma nota de repúdio à Resolução 2427/25 do CFM, o governo também cortou, no ano passado, mais de R$ 4 bilhões da saúde pública, o que tem impacto direto na população LGBTI+, que já é subatendida no SUS.

A preocupação do governo é outra. É continuar se pintando de governo “popular”, enquanto bloqueia quase 40% do orçamento para as universidades federais. É continuar se colocando como “dos trabalhadores”, mas ter negado atender as demandas dos servidores do INSS por mais de 7 meses de greve. Depois do pinkwashing e do greenwashing, vemos o governo tentar a sua vez, com um redwashing de passar-se por trabalhador, mas aplicar o programa da burguesia.