Eletrobras muda de nome e marca fase pós-privatização com demissão de 20 mil trabalhadores

Agora chamada “Axia Energia”, a empresa tenta marcar um novo ciclo após a privatização concluída em 2022, que reduziu a participação da União para menos de 45% das ações com direito a voto.

31 de Outubro de 2025 às 21h00

Reprodução/Foto: Alan Santos/PR.

Por João Oliveira

A Eletrobras, símbolo do setor elétrico brasileiro e por décadas uma das maiores estatais da América Latina, anunciou nesta semana uma mudança de nome e identidade visual. Agora chamada “Axia Energia”, a empresa tenta marcar um novo ciclo após a privatização concluída em 2022, que reduziu a participação da União para menos de 45% das ações com direito a voto.

A reestruturação da empresa vem acompanhada da demissão de cerca de 20 mil trabalhadoras e trabalhadores, o que representa uma fatia considerável do quadro funcional que a companhia possuía antes da privatização.

A Eletrobras foi privatizada durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), com forte resistência de sindicatos e movimentos populares. Na época, o governo argumentou que a venda era necessária para “reduzir o peso do Estado” e atrair investimentos privados para o setor energético.

O resultado da privatização foi: aumento das tarifas de energia, perda de soberania sobre a gestão das hidrelétricas, fragilização das políticas de universalização do acesso à eletricidade, demissão em massa de trabalhadores e riscos crescentes do colapso do sistema elétrico brasileiro.

A mudança para “Axia Energia” foi apresentada como símbolo de uma “empresa mais ágil, moderna e sustentável”. O novo logotipo, nas cores azul e verde, busca se desvincular da imagem de estatal e reforçar a ideia de “eficiência de mercado”.

No entanto, trabalhadores demitidos denunciam que a nova fase vem acompanhada de precarização das condições de trabalho, terceirizações e fechamento de escritórios regionais.

Trabalhadores, entidades sindicais e movimentos populares criticaram a mudança de nome como uma tentativa de apagar a história da estatal e mascarar as consequências da privatização.

Em nota pública, o “Salve a Energia”, um movimento nacional pela reestatização da Eletrobras, promovido pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários, destacou que, “por trás da troca de nome, o que se tenta apagar é mais de seis décadas de história de uma empresa pública que estruturou o setor elétrico brasileiro e garantiu soberania energética ao país.”

Em várias capitais, sindicatos realizaram atos em frente a unidades da empresa, reivindicando a reestatização da Eletrobras e a reintegração imediata dos trabalhadores demitidos. 

A Eletrobras - hoje “Axia Energia” - foi responsável por mais de 30% da geração e 40% da transmissão de energia elétrica do país. Sua mudança de nome simboliza o aprofundamento do processo de privatização de setores estratégicos do Brasil, como é o caso do setor elétrico.