Tarifa de ônibus sofre novo aumento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Em um cenário de inflação e precarização do trabalho, a alta no valor das tarifas torna-se um peso ainda mais difícil de carregar para quem depende do transporte público diariamente, enquanto as empresas garantem lucros elevados.

Reprodução/Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo.
Os preços das tarifas de ônibus intermunicipais no Rio de Janeiro sofreram reajustes recentes, com a autorização do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Detro-RJ), publicada no Diário Oficial estadual no dia 26 de março, assinada pelo presidente Leonardo de Lima Matias.
Desde 29 de março, algumas tarifas foram ajustadas, como a da linha 100D (Niterói x Candelária), que passou de R$ 8,55 para R$ 9,25. Na linha 2100D (Niterói x Castelo), operada com ônibus rodoviários, a tarifa subiu de R$ 12,85 para R$ 13,90. Para a linha 110D (Passeio x São Gonçalo), a passagem aumentou de R$ 13,10 para R$ 14,15. A tarifa na linha 2110D (São Gonçalo x Castelo), também com ônibus rodoviários, passou de R$ 19,95 para R$ 21,55. Já as linhas 548P (Campo Grande x Nilópolis) e 544P (Nilópolis x Seropédica), que custavam R$ 6,30, agora têm valor de R$ 6,85.
O aumento, de 8,16% em média para os serviços da Região Metropolitana, varia de acordo com o tipo de veículo. Para os ônibus urbanos (de duas portas) ou rodoviários (com uma única porta), o reajuste foi uniformemente aplicado. No interior do estado, o reajuste foi de 7,96% nos serviços urbanos e 8,34% nas linhas operadas por coletivos rodoviários.
Esse aumento no custo do transporte público no Rio de Janeiro reflete uma política de priorização dos interesses empresariais, em detrimento das necessidades da população. Enquanto as empresas de transporte garantem lucros elevados, a população, especialmente os trabalhadores, enfrenta dificuldades crescentes para equilibrar o orçamento familiar. O gasto com o transporte, para muitos, consome uma parcela considerável da renda, prejudicando a qualidade de vida e criando um ciclo de dependência do serviço precário. Em um cenário de inflação e precarização do trabalho, a alta no valor das tarifas torna-se um peso ainda mais difícil de carregar para quem depende do transporte público diariamente.
Em fevereiro deste ano, as tarifas do trem, que também atende à Região Metropolitana, subiram de R$ 7,10 para R$ 7,60. O Metrô Rio, por sua vez, anunciou um aumento de R$ 7,50 para R$ 7,90, a ser implementado a partir de 12 de abril. Com o aumento das tarifas nos diversos modais de transporte, a população se vê pressionada pela falta de alternativas acessíveis e pela constante elevação dos custos para se locomover pela cidade.
Diante desse cenário, várias cidades ao redor do mundo têm implementado sistemas de transporte público gratuito ou subsidiado de maneira eficaz, garantindo a mobilidade urbana de forma acessível para todos os cidadãos. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com seus recursos e infraestrutura, tem potencial para adotar modelos semelhantes, por meio de uma reorganização da arrecadação fiscal ou pela redistribuição de recursos. Contudo, a manutenção do modelo atual, que privilegia os interesses de grandes grupos empresariais, demonstra uma clara preferência por soluções que atendem aos interesses privados, muitas vezes em troca de benefícios políticos.
O aumento das tarifas de ônibus na Região Metropolitana do Rio de Janeiro não apenas sobrecarrega trabalhadores e estudantes, como também reforça um sistema que favorece uma minoria à custa da maioria da população. É fundamental que a sociedade questione as escolhas das gestões municipal e estadual e exija soluções que priorizem o bem-estar coletivo, em vez dos lucros empresariais. A mobilidade urbana de qualidade e acessível é um direito fundamental de todos e deve ser tratada como uma prioridade pública, e não como um privilégio para poucos.