Fim do Serviço 710 afetará milhares de trabalhadores em São Paulo

O Serviço 710, que realiza a conexão direta entre Rio Grande da Serra e Jundiaí (integrando a Linha 7-Rubi e a Linha 10-Turquesa), será interrompido em setembro de 2025 devido à privatização da Linha 7-Rubi.

18 de Julho de 2025 às 21h00

Placa da linha 710 da CPTM, que conecta o norte de SP com a região da Grande SP e do Grande ABC. Reprodução/Foto: Wikimedia Commons.

O Serviço 710, que realiza a conexão direta entre Rio Grande da Serra e Jundiaí (integrando a Linha 7-Rubi e a Linha 10-Turquesa), será interrompido em setembro de 2025 devido à privatização da Linha 7-Rubi. Com isso, a viagem entre o norte da Grande São Paulo e o ABC Paulista ficará mais longa.

O fim do 710 impactará mais de 160 mil pessoas que utilizam o serviço diariamente – o equivalente a 30% dos usuários das linhas Rubi e Turquesa. Criado para integrar as duas linhas, o 710 facilitava as viagens entre os extremos da Região Metropolitana, uma vez que ambas eram administradas pela CPTM, a companhia pública de trens.

No entanto, com a privatização da Linha 7-Rubi em 2024 (a concessionária assume a operação em setembro de 2025), o serviço será extinto. A gestão separada das linhas implica sistemas e trens incompatíveis, inviabilizando a integração. O resultado é mais dificuldade para os usuários, irracionalidade e fragmentação do sistema ferroviário – em vez de avanços, mais caos.

O Serviço 710 reduzia o tempo de viagem, eliminando baldeações desnecessárias, diminuindo o fluxo de passageiros em estações estratégicas e agilizando as manobras dos trens. Com seu fim, os moradores do ABC enfrentarão viagens mais demoradas, mais baldeações e maior lotação nas estações.

Além da extinção do 710, as privatizações promovidas pelo governo Tarcísio de Freitas trazem outros problemas para usuários e trabalhadores ferroviários. O governo vem sistematicamente entregando linhas de trem e metrô à iniciativa privada, piorando a qualidade do serviço. Já foram privatizadas as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô, além das linhas 8-Diamante, 9-Esmeralda, 7-Rubi, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM.

Desde o início das privatizações, aumentaram as queixas por atrasos, falhas nos trens e acidentes. Dados mostram que as linhas privatizadas tiveram três vezes mais problemas que as públicas – mesmo recebendo mais verbas do governo. Enquanto as concessionárias ViaMobilidade e ViaQuatro receberam R$ 2 bilhões para transportar 500 milhões de passageiros, o Metrô e a CPTM – responsáveis por 1,23 bilhão de passageiros – ficaram com apenas R$ 460 milhões no mesmo período.

Fica evidente que o projeto de privatização não visa melhorar o transporte, mas garantir lucro às empresas privadas. Isso ocorre à custa dos trabalhadores, com precarização das condições laborais, e à custa dos usuários, com serviços sucateados e falta de investimentos. Enquanto o poder público subsidia empresas privadas, a população sofre com um sistema cada vez mais fragmentado e ineficiente.