Boletim diário sobre a Palestina atinge a marca de 700 edições

A solidariedade com a luta palestina marca o PCBR desde a sua fundação. Através da iniciativa do Boletim de Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa, busca-se cumprir um papel informativo diário sobre a guerra de extermínio.

6 de Outubro de 2025 às 15h00

Iniciado no dia 31 de outubro de 2023, na imediata sequência dos eventos da audaz Operação Tempestade Al-Aqsa, o boletim diário de atualizações sobre a Palestina completou a sua septingentésima edição. A iniciativa surgiu da necessidade de fazer cumprir no bojo da imprensa proletária um papel de trazer luz aos desenvolvimentos da resistência, pouco noticiados pela mídia brasileira.

O princípio do internacionalismo proletário é basilar ao movimento comunista, e, como não poderia ser diferente, o PCBR se solidariza com as lutas do proletariado e demais trabalhadores de todo o mundo, com os povos que lutam por sua libertação nacional e pelo socialismo.

O caso da luta do povo palestino contra a dominação colonial e a guerra de extermínio perpetradas pela ocupação israelense é paradigmático no exercício ativo da solidariedade internacional. É o proletariado palestino que, unido à maioria pobre e oprimida do povo trabalhador, está disposto a lutar até o fim pela derrubada do imperialismo e por uma Palestina livre do rio ao mar. Tais interesses se conflitam diretamente com a chamada “solução de dois Estados”, hoje defendida pela Autoridade Palestina, que apoiada pela burguesia árabe, busca reconciliar-se com o imperialismo sionista.

Iniciada na madrugada do 7 de outubro de 2023, com o lançamento de cerca de cinco mil mísseis Qassam a partir da Faixa de Gaza, a Operação Tempestade Al-Aqsa conseguiu romper a fronteira sul de Israel e realizar incursões profundas em seu território, de forma completamente inesperada e irremediável para a ocupação.

Em resposta, as forças sionistas iniciaram uma ofensiva massiva, que, desde o primeiro momento, já tinha como alvos prioritários de bombardeio a população civil na Faixa de Gaza – ofensiva total e arrasadora que hoje não pode ser lida por outras lentes senão as de uma verdadeira guerra de extermínio. No contexto de outubro de 2023, a mídia burguesa tradicional brasileira operava em máxima adesão ao discurso oficial sionista, havendo passado meses em campanha de culpabilização do Hamas pelas milhares de baixas civis, ataques a hospitais, bombardeios a missões humanitárias e jornalistas, que eram diariamente ocasionados pelas forças israelenses.

Nenhuma palavra foi dita pela mídia burguesa, por exemplo, quando reveladas as provas documentais que atestam que durante o ataque do 7 de outubro, o exército de ocupação teria aplicado a chamada “Diretiva Hannibal”, uma política militar que autoriza o uso de força letal contra os próprios soldados israelenses para evitar que sejam capturados. Segundo o relatório, drones, morteiros e artilharia foram usados mesmo após o conhecimento de que civis israelenses estavam entre os sequestrados. A ordem “nenhum veículo pode retornar a Gaza”, dada às 11h22, teria sido interpretada como um sinal claro de que os reféns não deveriam ser recuperados vivos.

Para além desses entraves, a cobertura midiática progressista e crítica ao sionismo, à época, incorria em limitação que era necessário superar: ao retratar apenas as derrotas infligidas ao povo palestino, esses veículos davam pouco ou nenhum espaço às conquistas da resistência em campo de batalha, o que acabava por ocultar um diagnóstico pertinente: a ocupação não conseguia – e ainda não consegue – atingir quaisquer objetivos táticos de primeira importância em campo.

Foi da necessidade de rebater a cobertura sionista da grande mídia e suas mentiras, dando voz aos protagonistas dessa luta em campo hoje, que surgiu o Boletim de Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa, um espaço para trazer, dia após dia, parte das notícias pertinentes à questão palestina que pouco são noticiados na televisão, nos jornais e nos feeds das redes sociais.

Como informe diário das atualizações relacionadas à Palestina, o boletim cobriu durante esses mais de setecentos dias diversas frentes de informação. Desenvolvimentos no campo de batalha, comunicados oficiais das organizações da resistência, denúncia das atrocidades sionistas, análise da conjuntura local conforme as tendências de regionalização da guerra se afloravam, dar voz ao movimento prisional, às manifestações de solidariedade mundo afora, andamentos jurídicos das denúncias em cortes internacionais, foram temas durante todo esse período.

Foram objeto de análise pelo boletim até então eventos marcantes em meio à guerra genocida capitaneada por Israel. Entre eles, a operação de junho de 2025, quando lançados os ataques aéreos estratégicos contra instalações iranianas, incluindo complexos nucleares e centros de comando, provocando retaliações com mísseis e drones do Irã. O boletim acompanhou passo a passo a sequência de ataques, a resposta defensiva israelense e o eventual cessar-fogo, contextualizando o impacto sobre civis, infraestrutura e a dinâmica regional de poder.

Outro episódio que marcou nossa cobertura foi o assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, em setembro de 2024. Foi analisada a operação israelense em Beirute, o impacto imediato sobre a liderança do Hezbollah, as tensões políticas no Líbano e as reações das organizações de resistência. Também foram abordadas as consequências estratégicas, incluindo a sucessão dentro do grupo e os riscos de escalada militar que surgiram a partir desse episódio.

Além desses eventos, o boletim registrou a atuação do Irã na guerra, os ataques de drones e mísseis provenientes do Iêmen pelos houthis e os efeitos cumulativos das ações de sabotagem, inteligência e retaliação. Em suas linhas, o boletim buscou situar cada operação no contexto mais amplo da geopolítica regional, fornecendo uma visão integrada das ofensivas, das defesas e das consequências para o contexto da guerra de extermínio contra o povo palestino, consolidando a relevância da cobertura diária.

Esse espaço de imprensa tem particular relevância quando tomadas as determinações ideológicas da penetração do sionismo no Brasil, e, em particular, no complexo midiático brasileiro. Organizações sionistas no país têm atuado como instrumentos relevantes da extrema-direita nacional, em articulações que evidenciam como interesses estrangeiros e ideologias externas buscam interferir na política brasileira, restringindo direitos e silenciando vozes solidárias à causa palestina.

A blindagem midiática total à cobertura dos crimes de guerra em Gaza, associada a métodos do sionismo como assédio judicial e perseguição estudantil, era observada mesmo após meses de intensificada e terrorista ofensiva de Israel. Em setembro de 2024, por exemplo, era executada a operação israelense de atentados com explosões de pagers no Líbano, na qual 14 libaneses foram mortos e até 4.000 feridos. Na ocasião, a mídia brasileira retratou a operação das forças israelenses com louvores, mesmo diante de verdadeiro atentado terrorista em área residencial de território estrangeiro, planejado e executado pelas mesmas forças armadas que já completavam um ano de bombardeios incessantes à população da Faixa de Gaza.

Em 23 de junho de 2025, portanto, já em momento posterior a Israel ter descumprido de forma covarde o cessar-fogo firmado com a resistência palestina, a Globo News recebe em sua programação ao vivo o Major Rafael Rozenszajn, porta-voz das forças de ocupação. Neste dia, o saldo da agressão israelense era de 55.637 mortos e 129.880 feridos. Na semana anterior, quando Israel realizou ataques terroristas à sede da Rádio e Televisão da República Islâmica do Irã em Teerã, a emissora convidou o embaixador do pais agressor ao programa, e não o do Irã.

Tal linha editorial, por sua intransigência e articulação, busca a todo custo proteger e justificar as práticas de genocídio e desumanização dos palestinos, ao mesmo tempo em que fortalecem a narrativa da extrema-direita brasileira. O boletim cumpre, nesse contexto, a função de informar com rigor e em solidariedade irrestrita à resistência palestina, denunciando a instrumentalização ideológica que acoberta a maior tragédia do século.

Hoje, entretanto, há relativa flexibilização dessa blindagem ideológica completa do sionismo em relação ao genocídio. A intensificação das campanhas de solidariedade por todo o mundo logra êxito nos esforços de constranger o consenso sionista e trazer a bandeira palestina ao centro das atenções.

A tarefa do boletim diário segue a mesma. Em meio ao ‘plano de paz’ de Donald Trump para  a região, aos ataques à missão humanitária da Flotilha Global Sumud, e da continuidade do combate ao inimigo sionista no campo de batalha, o papel de solidariedade internacional e de ampla publicidade à causa palestina deve continuar. O boletim pode ser acessado no portal Em Defesa do Comunismo, todos os dias.