EDITORIAL: 2025: como derrotar a escala 6x1 e reduzir a jornada de trabalho?
A questão que fica é: conseguiremos fazer de 2025 o ano em que derrotaremos a escala 6x1 e conquistaremos a escala 4x3 com jornada semanal máxima de 30h?
2024 foi um ano de lutas importantes da classe trabalhadora. Bancários, trabalhadores do IBAMA e do ICMBIO, professores e técnicos federais, operários da PepsiCo, funcionários do INSS e outras várias categorias buscaram construir seus polos de luta no cenário devastador em que vivemos. É um cenário devastador porque, entre outras coisas, foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo governo federal, dentro do conjunto de medidas de um pacote fiscal de cortes de orçamentos importantes. Um dos elementos mais terríveis é a restrição ao abono salarial, que foi aprovada exatamente para restringir cada vez mais os trabalhadores que recebem esse complemento. Além disso, as mudanças no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) devem impactar diretamente o orçamento e aumentar a precarização da educação básica.
Mas é impossível falar do ano de 2024 – e projetar as lutas que teremos em 2025 – sem falar da luta pelo fim da escala 6x1. O impulso que uma série de categorias de trabalho extremamente precário deu à luta de classes no país é imenso e teve respaldo na PEC apresentada pela deputada Érika Hilton. Está óbvio para todos que uma PEC que reduz a jornada semanal em quantidade de horas e de dias (uma conquista que os trabalhadores não têm desde a Constituição de 1988) será um grande impulso para os trabalhadores em geral: aumentam as vagas de trabalho, diminui o medo do desemprego, a classe como um todo se fortalece e a burguesia como um todo terá de arcar com uma hora de trabalho média mais valorizada.
A jornada por essa luta está apenas começando e não será uma jornada fácil. Os operários da PEPSICO em São Paulo conseguiram a redução dos dias – mas com compensação de horas. É sinal de que a luta direta contra os patrões é o caminho, mas se essa luta for fragmentada, pode nos levar a falsas vitórias. Até o retorno do calendário legislativo, em fevereiro, a pressão deve aumentar: manifestações, plenárias, organização, disputas dentro e fora dos sindicatos devem ser o nosso arroz com feijão.
A questão que fica é: conseguiremos fazer de 2025 o ano em que derrotaremos a escala 6x1 e conquistaremos a escala 4x3 com jornada semanal máxima de 30h?
É totalmente possível. Mas para isso, é preciso aumentar a mobilização e a organização. Os atos de 15 de novembro e de 20 de dezembro foram importantíssimos, mas ainda não chegaram às grandes manifestações massivas que poderiam ter chegado. As burocracias sindicais – inclusive com sindicatos dirigidos pela direita – são um empecilho a essa luta? São, e devemos buscar derrotar esses setores e arrastar os sindicatos para essa luta. Isso não vai ser feito se o movimento dos trabalhadores se perder em uma multiplicidade de demandas e pautas, confundido pelo conjunto brutal de ataques da burguesia e do governo. Mas vai ser feito se conseguirmos cerrar fileiras entre todos, lutar contra toda vacilação dentro da própria esquerda e contra toda repressão vinda dos patrões.
2025 será o ano da redução da jornada e do fim da escala 6x1. Mas isso depende de nós.