Endividamento avança e atinge quase metade da população do Paraná: mais de 4 milhões vivem sob pressão financeira

Especialistas apontam que a combinação de inflação persistente, crédito caro e renda estagnada tem criado um ciclo difícil de quebrar: com cada vez mais gastos essenciais consumindo o orçamento, sobra pouco para quitar dívidas antigas.

3 de Dezembro de 2025 às 15h00

Reprodução/Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.

Por João Oliveira

O povo trabalhador do Paraná enfrenta um dos cenários mais delicados de endividamento da última década. De acordo com levantamento recente realizado pelo Serasa, quase metade da população do estado - o equivalente a mais de 4 milhões de pessoas - está endividada. A crise atinge especialmente famílias de baixa renda, que enfrentam a alta do custo de vida, juros elevados e perda do poder de compra.

O número chama atenção por revelar que o problema deixou de ser pontual e se tornou estrutural. Especialistas apontam que a combinação de inflação persistente, crédito caro e renda estagnada tem criado um ciclo difícil de quebrar: com cada vez mais gastos essenciais consumindo o orçamento, sobra pouco para quitar dívidas antigas.

Renda menor, custo maior

Nos últimos anos, o encarecimento de itens essenciais como alimentação, energia e transporte reduziu a capacidade de pagamento das famílias. Mesmo com políticas de renegociação lançadas em nível federal, como o programa Desenrola Brasil, grande parte dos paranaenses relata dificuldades para reorganizar as contas.

Em muitos lares, os juros do cartão de crédito e do cheque especial se tornaram inimigos diários. Para parte da população, pagar a dívida virou uma meta distante - e, por vezes, impossível.

Impactos sociais ampliados

O endividamento não traz apenas consequências econômicas. Psicólogos e profissionais da saúde mental relatam aumento de casos de ansiedade, irritabilidade, insônia e depressão relacionados à insegurança financeira.

A pressão constante por pagar contas e evitar inadimplência afeta a saúde mental e abala relações familiares. Pesquisa revela que 6 em cada 10 trabalhadores relatam aumento do estresse atrelado à dívidas, com 47% chegando à exaustão física.