Comitê de Solidariedade à Palestina da UFRGS conquista repúdio a relações com a AEL Sistemas

Movimento estudantil da UFRGS realizou a sua 1ª Jornada de Lutas em Solidariedade à Palestina, acampando no Campus Centro da UFRGS.

29 de Outubro de 2025 às 0h00

Assembleia na 1ª Jornada de Luta em Solidariedade a Palestina na UFRGS, em que foi deliberada a criação do Comitê Palestina Livre da UFRGS. Reprodução/Foto: Porto Alegre 24 horas.

Por B. Naibert. e Nina B.

No dia 23 de setembro, em luta contra as relações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com instituições israelenses e em solidariedade à Flotilha Global Sumud que estava prestes a ser interceptada, o movimento estudantil da UFRGS realizou a sua 1ª Jornada de Lutas em Solidariedade à Palestina, acampando no Campus Centro da UFRGS. As organizações que atuam em oposição de esquerda ao DCE da UFRGS e à Reitoria de Márcia Barbosa e Pedro Costa, como MRT/Faísca, MES/Juntos!, UJC/PCBR, UJR/Correnteza, Fortalecer/Ocupe e PSTU/Rebeldia, se uniram em uma ação potente para colocar na ordem do dia a questão palestina na universidade.

A UFRGS, por meio de sua Reitoria, tende a afirmar que não mantém mais relações com nenhuma empresa ou instituição israelense. Porém, no âmbito das unidades todo tipo de relação ainda se mantém: desde a oferta de estágios, realização de eventos junto da universidade e com o Comando Militar do Sul (CMS), a participação na Feira de Oportunidades da Engenharia, a participação no projeto INOVA-ME do Instituto de Informática da UFRGS, a participação em evento da pós-graduação junto com membros do Sistema Defesa-Indústria-Academia (SisDIA) do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), etc. Uma relação profunda que integra as mentes de nossa universidade à máquina global israelense de extermínio de palestinos.

As relações entre a UFRGS e o genocídio se dão em um nível muito profundo, compreendendo relações inclusive com outras instituições do Estado burguês como as Forças Armadas e a Escola Superior de Guerra, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (sob a responsabilidade de Luciana Santos, do PCdoB), etc. É precisamente no sentido de atacar essas bases ainda muito consolidadas que ações como a 1ª Jornada de Luta foi realizada.

A partir disso, duas conquistas muito importantes foram feitas. A primeira foi a consolidação, a partir da Assembleia da Jornada, do Comitê Palestina Livre da UFRGS, fundado visando o apoio direto e indireto da comunidade acadêmica à Palestina. Sua proposta em construção é congregar todes aqueles que compreendam o papel histórico que cabe a cada pessoa que se coloca em defesa da emancipação de todos os povos e contra as opressões: a luta em defesa do povo palestino contra o genocídio, pela defesa da Palestina unida do rio ao mar contra o Estado colonial e genocida de Israel.

A segunda conquista foram as moções de repúdio às relações da UFRGS com a AEL Sistemas e de apoio à Flotilha Global Sumud aprovadas no CONSUN no dia 26 de setembro. Apesar de enfrentar acusações de oportunismo e ataques do atual DCE da UFRGS, sob forças ligadas à atual Reitoria e ao Governo Federal, e da oposição expressa do vice-reitor Pedro Costa, a votação ainda foi vitoriosa. Após isso, o DCE precisou rever sua posição, inclusive buscando alinhar-se com o calendário proposto na UNE pela Oposição de Esquerda em solidariedade com a Palestina e tomou a frente de organizar os atos já marcados nacionalmente em torno do tema. Compreender a força real que a mobilização pode representar, de como podemos nos organizar e conquistar vitórias, a partir do trabalho direcionado e com objetivos bem definidos: este é o principal exemplo a ser dado pelo recém-formado Comitê.

Um evento de lançamento aberto do Comitê deve ser realizado no Campus do Vale. Nesse sentido, a partir do chamado, convidamos cada pessoa que legitimamente se solidarize e esteja disposta a construir um movimento potente na UFRGS a participar não apenas do evento, mas do próprio Comitê, mobilizando seus colegas e seus diretórios acadêmicos. Que caminhemos rumo a tornar a UFRGS um espaço livre de apartheid.