Sem aprovação da base, Sindicato dos Professores do DF encerram greve de 23 dias

A greve de 23 dias buscava, dentre outras reivindicações, reajuste salarial de 19,8%, valorização da progressão horizontal por qualificação (especialização, mestrado e doutorado), ampliação dos percentuais de aumento por mudança de padrão, e o reconhecimento do tempo de serviço de professores temporários quando efetivados.

29 de Junho de 2025 às 21h00

Reprodução/Foto: Deva Garcia / Brasil de Fato.

Por Filgueira

Na quarta-feira (25/06), o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), aceitou os termos da proposta do Governo do Distrito Federal (GDF) e decidiu encerrar a greve mesmo com a base votando pela manutenção da paralisação.

A greve de 23 dias buscava, dentre outras reivindicações, reajuste salarial de 19,8%, valorização da progressão horizontal por qualificação (especialização, mestrado e doutorado), ampliação dos percentuais de aumento por mudança de padrão, e o reconhecimento do tempo de serviço de professores temporários quando efetivados.

O governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) declarou que a greve seria abusiva, que determinaria o corte de ponto e que cobraria a multa de R$ 1 milhão por dia, mesmo o STF tendo suspendido a sanção. Além disso, Ibaneis e sua vice, Celina Leão, se negaram a dialogar com a categoria e enviou a Polícia Militar para agredir os professores que estavam em ato em frente a Secretaria de Educação (SEEDF) no dia 16/06.

Segundo matéria do Metrópoles, a proposta do GDF consiste em:

a) Envio pelo Executivo local à Câmara Legislativa (CLDF) de projeto de lei para progressão horizontal dos servidores e adoção de percentuais de salário em dobro, a partir de janeiro de 2026, para professores com titulação: 10% para especialização; 20% para mestrado; 30% para doutorado – o dobro do que é hoje;
b) Ao menos 3 mil nomeações até dezembro deste ano;
c) Prorrogação do concurso que vencerá em 27 de julho próximo;
d) Abertura de concurso público para o magistério, com publicação de edital no primeiro semestre de 2026;
e) Pagamento integral dos dias descontados pela greve e em folha suplementar, lançada um dia após o pagamento de julho ou na mesma data dele;
f) Recomposição do calendário escolar, com reposição das aulas ainda neste primeiro semestre e recesso na primeira semana de agosto;
g) Manutenção de mesa permanente de negociação para discutir reestruturação da carreira; e
h) Atestado de acompanhamento para professores em contrato temporário.

A proposta deve ser homologada junto ao TJDFT em audiência com representantes do Comando de Greve (Sinpro-DF) e do Executivo, mesmo com o vídeo da votação da Assembleia ter demonstrado que o magistério aprovou pela manutenção da paralisação e rejeição da proposta.

A Assembleia terminou com a base insatisfeita com a gestão, criticando o atropelo e queimando material do sindicato. Vale constar que em maio, nas eleições para o triênio 2025-2028 do Sinpro-DF, a gestão vigente usou da indicação de greve para mostrar uma suposta combatividade da gestão passada, o que resultou na sua reeleição - e encerramento da greve dias depois, a contragosto da base.

A crise no funcionalismo público do Distrito Federal vem escalonando nos últimos meses. Enfermeiros do Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (IGESDF) deliberaram pelo estado de greve dias após paralisação dos Técnicos em Enfermagem.

E a crise não é apenas de salário de pessoal; segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a gestão privada da saúde do DF atua com lotação superior a 200% em prontos-socorros, falta de funcionários e salários baixos em relação a profissionais concursados. Já o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) apontou que 8 escolas do DF estão sem água potável e irregularidades relacionadas a infraestrutura sanitária e segurança; além disso, segundo a matéria do Brasil de Fato, a Usina Termelétrica de Brasília, além de atravessar áreas de preservação e comunidades indígenas e quilombolas, colocará em risco 500 alunos da Escola Classe Guariroba, na periferia do distrito.