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  • EDITORIAL: Carnaval sem clima de festa

    Em uma época em que o Carnaval passou a ser “propriedade” empresarial, a resistência histórica das escolas de samba e das comunidades, bem como dos trabalhadores atingidos por essa verdadeira privatização da maior festa popular do país, se revela imprescindível.

    1 de Fevereiro de 2025 às 15h00

    O Governo Lula-Alckmin já iniciou 2025 enfiando os pés pelas mãos em matéria de políticas econômicas: omitindo no anúncio da normativa da Receita Federal sobre o Pix a informação de que tal medida incidiria sobre grande parte dos trabalhadores informais brasileiros – ainda que sem efeitos de “taxação” direta de transações, ao contrário do que pregou a extrema-direita –, deu farta munição para os políticos bolsonaristas avançarem contra o governo. O resultado foi uma campanha mentirosa com recordes de visualizações nas redes sociais, impulsionada pelas novas diretrizes fascistoides da burguesia proprietária das mídias digitais. A reação do governo, no entanto, foi ainda pior: com seu recuo, acabou ratificando a demagogia da extrema-direita. A tentativa governista de aumentar a fiscalização e a arrecadação tributária atinge diretamente os mais pobres, ao mesmo tempo em que o Governo Federal corta investimentos em políticas sociais e que aumentam vertiginosamente os preços de produtos básicos, em especial alimentos.

    Ainda pior que a política econômica da esquerda institucional é sua postura no tema da segurança pública. Seguindo a longeva “tradição” petista de encobrir políticas policialescas e de punitivismo penal com uma retórica demagógica “de esquerda”, o governo editou uma série de medidas que buscam dar um verniz “racional” e “técnico” à mesma lógica racista de encarceramento em massas e extermínio da juventude negra que sempre imperou no Brasil. Em se tratando de um partido que conseguiu a “façanha” de dirigir a polícia militar bahiana, que matou mais que o dobro da PM de São Paulo em 2024, nada mais “lógico” do que o reforço da militarização policial em um governo petista.

    É neste cenário em que o governo alimenta e fortalece os inimigos da classe trabalhadora em prol de uma suposta “governabilidade” – como é o caso da expansão do FIES, investimento direto no endividamento dos estudantes mais pobres e no setor privado da educação superior, em detrimento de investimentos na expansão das universidades públicas – que nos preparamos para a chegada do Carnaval.

    Após décadas de propaganda desavergonhada em prol da ideologia do empreendedorismo, glorificando a informalidade e a precarização em nome de rasgar as já insuficientes garantias trabalhistas, os trabalhadores que constroem diretamente a maior festa de nosso país – como os trabalhadores da cultura, os vendedores ambulantes etc. – enfrentarão, por mais um ano, humilhações, baixíssima remuneração e as dificuldades de um trabalho “sazonal”. Com o acúmulo progressivo de políticas urbanas desastrosas (quando não a falta de política, deixando o desenvolvimento da cidade nas mãos anárquicas da especulação imobiliária), em especial nas grandes capitais, a circulação e o transporte público pioraram ano após ano. Soma-se a isso uma segurança pública extremamente militarizada, que tem como alvo os mais pobres, além da crescente monopolização dos direitos de exploração econômica do Carnaval nas mãos de um punhado de grandes monopólios do setor alimentício e do entretenimento.

    Em uma época em que o Carnaval passou a ser “propriedade” empresarial, a resistência histórica das escolas de samba e das comunidades, bem como dos trabalhadores atingidos por essa verdadeira privatização da maior festa popular do país, se revela imprescindível. A classe trabalhadora ainda precisará de muita luta para um dia virar esse mundo em festa, trabalho e pão!