Resistência/PSOL, em nome do VAT-RS, se alia ao sindicato que fez acordo da escala 10x1 no Zaffari
Em nome do Movimento VAT-RS, Matheus Hein, diz aos trabalhadores que a direção do Sindec é aliada da luta da classe trabalhadora pela redução da jornada de trabalho.

Reunião entre o VAT-RS e o Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre - Reprodução/Foto: Porto Alegre 24h
Por Theo Dalla
Na quinta-feira (18/03), o representante do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) no Rio Grande do Sul, Matheus Hein (militante da corrente Resistência, do PSOL), se reuniu com a direção do Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre (Sindec-POA), responsável por firmar e defender a escala 10x1 na Companhia Zaffari. Segundo o site do Sindec, a discussão teve como objetivo firmar uma parceria na luta pela redução da jornada de trabalho. Além do presidente do sindicato, Nilton Neco, estava presente na reunião o ex-vereador Cláudio Janta (Solidariedade), que foi líder do governo Melo na Câmara de Vereadores em 2022, é secretário-geral do Sindec e diretor da Força Sindical.
Desde as denúncias da escala 10x1 e das condições degradantes de trabalho na Companhia Zaffari, quando foi revelada a relação de cumplicidade entre o Zaffari e o Sindec, que se beneficiam mutuamente da exploração dos funcionários da empresa, o sindicato iniciou uma intensa campanha publicitária para "limpar sua imagem" publicamente. O constrangimento gerado pela denúncia forçou a direção do Sindec a mostrar mais serviço nas ruas, aumentando o número de fiscalizações nas lojas e se pronunciando a favor da redução da jornada de trabalho. Quando a União dos Trabalhadores do Zaffari tomou a iniciativa de fazer um abaixo-assinado exigindo a redução da jornada de trabalho e aumento salarial, em resposta, o Sindec não só ignorou a luta dos trabalhadores do Zaffari, como também lançou um outro abaixo-assinado, mas em apoio ao Projeto de Lei 67/2025 da deputada federal Daiana Santos (PCdoB).
O esforço de "limpar sua imagem" é tão grande que a direção do Sindec firmou uma parceria com o portal de notícias Porto Alegre 24h, da Rede Band, onde veiculam semanalmente notícias sobre os "feitos" do sindicato. No entanto, é curioso notar que, até agora, a direção do sindicato segue quieta sobre a escala de 10x1 no Zaffari. Pelo contrário, enquanto faz um grande investimento midiático, por trás das cortinas, Nilton Neco continua negociando contra os trabalhadores. Após ser orientado pela Superintendência Regional do Trabalho a rever o Acordo Coletivo e realizar uma assembleia dos funcionários da Companhia, em março deste ano, o Sindec fez uma negociação direta com o Zaffari e firmou um novo acordo - sem consultar os funcionários por meio de assembleia - no qual continua a permitir a escala 10x1.
Porém, mesmo com a evidente traição aos trabalhadores, a cumplicidade da direção do Sindec com a burguesia local e sua participação direta e ativa na permissão das condições degradantes de trabalho no comércio da capital gaúcha, Matheus Hein, militante da corrente Resistência/PSOL (da qual o deputado estadual Matheus Gomes é dirigente), em nome do Movimento VAT-RS (talvez, sem o conhecimento de sua direção nacional), diz aos trabalhadores que a direção do Sindec é aliada da luta da classe trabalhadora pela redução da jornada de trabalho.
Em comum com a direção do Sindec, o militante do PSOL e do VAT-RS faz uma campanha nos bastidores para deslegitimar a luta organizada pela União dos Trabalhadores do Zaffari e, particularmente, pelo PCBR. Em uma recente reunião de organização do VAT-RS, Matheus criticou estas iniciativas. Para ele, a denúncia da escala 10x1, as manifestações nas lojas do Zaffari, o abaixo-assinado por melhores condições de trabalho e as panfletagens na saída de funcionários são ações aventureiras e inconsequentes, que só prejudicam os funcionários. Diz que isso não levou a lugar algum e só piorou a situação. Para lutar pelo fim da escala 6x1, o representante do VAT-RS acredita que o melhor caminho seja a aliança com quem estabeleceu e defendeu a escala 10x1.
Por outro lado, em função de todas as denúncias, manifestações e ações contra a Companhia Zaffari, alguns avanços já são notados e comemorados pelos funcionários, como o fim da utilização da escala 10x1, o aumento do valor dos domingos e a proibição das horas extras para menores de idade. A União dos Trabalhadores do Zaffari (UTZ), da qual participam militantes do PCBR e funcionários(as) do Zaffari, segue fazendo um trabalho de conscientização e organização dos funcionários, com panfletagens semanais na porta da empresa e um contato constante com dezenas de pessoas. Diariamente, funcionários solicitam a presença da UTZ nas suas lojas e muitos se dispõem a somar na luta imediatamente. Além disso, as manifestações dentro das lojas – que sempre foram comemoradas pelos – elevou a autoestima e disposição de luta de muitos dentro da empresa.
Na última manifestação realizada em uma unidade da empresa, cerca de 20 trabalhadores paralisaram espontaneamente em apoio à manifestação contra a demissão de uma colega. Apesar de enormes dificuldades de organização, como a baixa experiência sindical, a pouca idade, a rotatividade de quase 100% e a traição da direção do Sindec, a luta de enfrentamento direto aos patrões segue sendo a alternativa mais segura e capaz de alcançar uma vitória concreta. As oscilações do nível de atuação do movimento (ora mais alta, ora mais baixa) é nada mais que a dinâmica própria de qualquer movimento de massas, ainda mais em seu estágio embrionário, como é o caso. E, por isso, só podem surpreender “dirigentes” de primeira viagem.