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  • Reeleição de Noboa no Equador é marcada por denúncias de fraude e estado de exceção

    A reeleição de Daniel Noboa consolida a guinada à extrema direita iniciada com o governo de Guillermo Lasso, aprofundando o domínio de uma elite econômica tradicional fortemente vinculada ao setor agroexportador.

    28 de Abril de 2025 às 21h00

    Luisa González discursa ao lado de apoiadores após denunciar fraude na reeleição de Daniel Noboa. Reprodução/Foto: TeleSUR.

    O presidente equatoriano Daniel Noboa foi reeleito no último dia 13, em um pleito marcado por denúncias de irregularidades e por um decreto de estado de exceção às vésperas da votação. Com 90% das urnas apuradas, Noboa, candidato da extrema direita, obteve 55,8% dos votos, garantindo mais quatro anos de mandato. Sua adversária, Luisa González, da Revolução Cidadã, ficou com 44,1% dos votos válidos.

    A Revolução Cidadã e diversas organizações populares rejeitaram os resultados oficiais, denunciando um processo eleitoral marcado por irregularidades. O partido anunciou que solicitará a recontagem dos votos e expôs práticas que colocam em xeque a legitimidade do pleito. Andrés Arauz, secretário-geral da Revolução Cidadã, denunciou que inúmeras atas eleitorais foram registradas sem as assinaturas obrigatórias do presidente e do secretário das Juntas Receptoras de Voto (JRV) — violando a legislação eleitoral e, em todos os casos, favorecendo o candidato da extrema-direita. A CELAC Social somou-se às denúncias, apontando mudanças arbitrárias de última hora nos locais de votação, uso clientelista da máquina pública, exclusão deliberada de observadores internacionais e a negação do direito ao voto para milhares de equatorianos no exterior.

    A legitimidade do pleito foi ainda mais contestada após a decretação de estado de exceção na véspera da votação. No sábado (12), Daniel Noboa impôs a medida em Quito e em outras sete províncias, sob a justificativa de “graves distúrbios internos” provocados pelo avanço da violência e pela presença de grupos armados. A decisão foi duramente criticada pela oposição, que denunciou o uso político e autoritário do recurso para restringir a mobilização popular e interferir no processo eleitoral. O decreto suspendeu garantias constitucionais básicas, como a inviolabilidade do domicílio e da correspondência, e autorizou toques de recolher em 22 cidades do país.

    A reeleição de Daniel Noboa consolida a guinada à extrema direita iniciada com o governo de Guillermo Lasso, aprofundando o domínio de uma elite econômica tradicional fortemente vinculada ao setor agroexportador. Como herdeiro de uma das famílias mais influentes do país, Noboa simboliza a continuidade de um grupo que historicamente controla setores importantes da economia equatoriana. Seu governo tem se destacado pela militarização da vida civil, repressão aos movimentos populares e submissão crescente aos interesses dos Estados Unidos. Propostas para reinstalar bases militares estrangeiras — proibidas pela Constituição desde 2008 — e a manutenção de acordos que permitem o uso de portos e aeroportos equatorianos, inclusive nas Ilhas Galápagos, evidenciam o aprofundamento desse alinhamento.

    A visita de representantes do Comando Sul dos EUA e o treinamento de forças locais por militares estadunidenses marcaram essa crescente aproximação entre os dois países. Durante a campanha, Noboa defendeu explicitamente o estreitamento de laços com Washington e chegou a propor uma parceria com a empresa Blackwater, conhecida por fornecer mercenários em zonas de conflito. Combinando repressão interna, dependência externa e um cenário de crise energética e violência crescente, sua reeleição aprofunda a entrega da soberania nacional em detrimento dos interesses da classe trabalhadora.