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  • Morre aos 77 anos o prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman

    Político do PSD foi secretário do governo estadual de Aécio Neves e defendeu a ditadura empresarial-militar na última campanha eleitoral como parte da estratégia de acenos à extrema-direita para ampliar sua base eleitoral.

    26 de Março de 2025 às 21h00

    Prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman. Reprodução/Foto: Divulgação/Prefeitura de BH

    Morreu nesta quarta-feira (26) o prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD), aos 77 anos, vítima de uma parada cardiorespiratória, resultado de um quadro de insuficiência renal aguda. Internado desde 3 de janeiro, no ano passado Noman foi diagnosticado com Linfoma Não Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que atinge as células do sistema linfático, mas havia concluído a quimioterapia ainda em 2024.

    No jogo político, o agora ex-prefeito de Belo Horizonte tentou manter uma aparência de neutralidade e independência. Seu último mandato, porém, foi marcado por acenos e adesões à política da extrema-direita com vistas a ampliar sua base eleitoral. Por outro lado, foi apoiado por setores da esquerda, como PT e PSOL, que o viram como alternativa à candidatura bolsonarista à prefeitura de BH. Relembre alguns casos:

    Elogio à ditadura empresarial-militar

    Durante sua campanha à reeleição, Fuad Noman elogiou o período da Ditadura Empresarial-Militar (1964-1985), que chamou de “revolução”. Questionado pela deputada federal e à época também candidata à prefeitura de BH Duda Salabert (PDT) durante um debate eleitoral, o ex-prefeito colocou em dúvida as perseguições e torturas do regime, afirmando que “eventualmente possa ter acontecido. E, se aconteceu, eu nunca participei.”

    Ingresso no serviço militar em 1965, aos 18 anos, Noman serviu no 12º Batalhão de Infantaria do Exército de Belo Horizonte durante 11 anos. Segundo relatórios da Comissão da Verdade, o prédio das Forças Armadas serviu como centro de tortura de presos políticos na capital mineira durante o mesmo período. Apesar de ter processado a deputada, o ex-prefeito exibia com orgulho em seu gabinete um documento de “referência elogiosa”, concedido pelo então comandante da Primeira Companhia de Fuzileiros do 12º Regimento.

    Ataques à população LGBTI+

    Fachada do Centro de Referência LGBTQIA+ em Belo Horizonte. Foto: Reprodução.

    Em novembro de 2023, Noman sancionou um projeto de lei que barrava o acesso de pessoas trans e não-binárias a banheiros de “templos, escolas confessionais e instituições mantidas por entidades religiosas”. Apresentada pela vereadora Flávia Borja (PP), conhecida por defender políticas transfóbicas em Belo Horizonte e que utilizou textos da Bíblia para defender o projeto, a lei que restringia o uso de banheiros “de acordo com a definição biológica de sexo” foi questionada por organizações e movimentos sociais junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

    Já em 2024, a gestão do ex-prefeito descaracterizou a fachada do Centro de Referência LGBTQIA+ de Belo Horizonte duas vezes, após discursos baseados em pânico moral vindos de vereadores de extrema-direita. Após retirar a placa indicativa do local com os dizeres “bem-vindes”, Noman também ordenou a remoção de um adesivo que exibia a bandeira do Orgulho LGBTI+ da fachada do prédio.

    Veto à tarifa zero e aumento da passagem

    A cidade de Belo Horizonte chegou a ter a passagem de ônibus mais cara entre as capitais do país, passando a R$ 6 no ano de 2023, um aumento de 33% comparado com o preço de 2022. Para tentar contornar a situação, Noman apresentou projeto de lei que concedia pouco mais de R$ 512 milhões do dinheiro público em subsídios para as empresas que forneciam o serviço à capital, para que o custo da passagem retornasse a R$ 4,50.

    Ao projeto, vereadores adicionaram uma emenda que concedia gratuidade da passagem aos domingos e feriados para estudantes, moradores de vilas e favelas, pessoas em tratamento de saúde, famílias em situação de extrema pobreza e mulheres em situação de violência econômica ou social, além de destinar 10% dos subsídios para os ônibus suplementares. O governo municipal, porém, vetou as emendas, sancionando apenas o subsídio de meio bilhão de reais. Em dezembro de 2023 a passagem foi novamente reajustada para R$ 5,25.