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  • EDITORIAL: A escolha entre a farsa ou a força

    Os meses iniciais do ano de 2025 têm demonstrado que a fagulha resiste: nos serviços, no transporte, no comércio, nos aplicativos, nas universidades, surgem mobilizações reais, nascidas das bases, que apontam para o significado do primeiro dia do mês de maio como data central das lutas da classe trabalhadora - em especial, no que diz respeito à luta pela redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1.

    1 de Maio de 2025 às 21h00

    Os primeiros meses do ano de 2025 nos mostram que o Brasil continua a seguir a velha máxima da política burguesa: dedicar todos os esforços para que tudo permaneça do jeito que está ou, se possível, para conseguir aprofundar ainda mais a exploração dos trabalhadores. Entre medidas técnicas, retóricas exaltadas e cheias de fraseologia, grandes anúncios e muitos recuos, o governo Lula-Alckmin se especializa na manutenção de um sistema que condena a maioria das famílias trabalhadoras brasileiras à instabilidade permanente. As promessas de “reconstrução nacional” e de “justiça social” são postas de lado com cada vez mais audácia em favor do aprofundamento da lógica neoliberal, por meio de uma política de arrocho, repressão e precarização. Essa opção contrária aos interesses da classe trabalhadora é cada vez mais incapaz de se esconder no disfarce de “modernização” e “responsabilidade fiscal” construídos ativamente pelo governo federal.

    Enquanto alimenta a ilusão de que o país estaria em disputa entre forças progressistas e conservadoras, o governo realiza – sem alarde – as vontades históricas da burguesia nacional e internacional. A elite agradece, enquanto a classe trabalhadora paga a conta: seja com o corte de políticas sociais, seja com a alta do custo de vida, seja com a desregulamentação dos direitos trabalhistas conquistados à base de sangue e greve. Ao mesmo tempo em que se investe em vigilância e tributação dos informais, nega-se qualquer política estrutural de geração de empregos dignos e valorização do trabalho assalariado.

    A situação do desmonte dos direitos trabalhistas no Brasil atualmente é alarmante: enquanto a Constituição Federal de 1988 cumpriu o papel quase meramente formal de regulamentação dos direitos trabalhistas já reunidos na CLT, o processo de desregulamentação que se inicia na ditadura empresarial-militar continua a todo vapor, sobretudo no governo golpista de Michel Temer e tendo sua continuidade histórica com o governo fascistóide de Jair Bolsonaro. Mas mesmo no atual governo de Frente Ampla, os interesses proletários permanecem esmagados, com o avanço irrefreado da uberização, da pejotização e da informalidade.

    Mas a burguesia não se basta no campo econômico como forma de exploração e dominação da classe trabalhadora: a militarização avança, sob o disfarce de racionalidade técnica, e a política de extermínio segue seu curso – agora sob a tutela de um governo dito de esquerda. A velha máquina de moer corpos negros, indígenas e pobres se renova com uma continuidade fria, gerencial e estatística. A esquerda institucional, cada vez mais adaptada aos mecanismos do poder burguês, mostra-se incapaz – ou desinteressada – de romper com as estruturas que perpetuam a violência de Estado, o encarceramento em massa e as iniciativas de privatização de presídios. 

    Enquanto isso, os trabalhadores enfrentam a dureza do cotidiano com poucas armas e muitos inimigos. No setor privado, o medo da demissão impede greves mais amplas. No setor público, os servidores são tratados como inimigos quando reivindicam o mínimo. E as centrais sindicais, domesticadas por anos de conciliação, atuam mais como gestoras de benefícios do que como instrumentos de luta. Entre o resgate da memória das lutas operárias de outros tempos e o cenário do desmonte dos direitos trabalhistas e da desregulamentação do trabalho atual, o Dia Internacional do Trabalhador não pode ser mais um dia de celebração da farsa, mas sim uma demonstração da força da mobilização dos trabalhadores em suas cidades. Os meses iniciais do ano de 2025 têm demonstrado que a fagulha resiste: nos serviços, no transporte, no comércio, nos aplicativos, nas universidades, surgem mobilizações reais, nascidas das bases, que apontam para o significado do primeiro dia do mês de maio como data central das lutas da classe trabalhadora - em especial, no que diz respeito à luta pela redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1.