Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) busca parceria acadêmica com universidade israelense

Como já denunciado amplamente, as parcerias buscadas por institutos de pesquisas israelenses ligadas ao sionismo buscam legitimar academicamente o apartheid na região, principalmente contra o povo palestino.

28 de Outubro de 2025 às 21h00

Reprodução/Foto: UFDPar.

No dia 7 de outubro o portal da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) anunciou a recepção do pesquisador Dan Y. Lewitus de Shenkar, uma instituição de ensino e pesquisa israelense de Tel Aviv, pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia com o apoio da assessoria de assuntos internacionais da universidade. A visita ocorreu dias depois de outras universidades brasileiras, como a Universidade de Fortaleza (UFC) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), romperem relações acadêmicas com instituições israelenses em resposta ao genocídio perpetuado pelo estado sionista israelense contra o povo palestino.

Segundo a matéria no portal da UFDPar, a visita foi considerada  como "uma oportunidade estratégica de internacionalização da pesquisa” e ocorreu após o interesse da instituição israelense nas pesquisas voltadas para o aproveitamento de algas da região do litoral piauiense. Como já denunciado amplamente, as parcerias buscadas por institutos de pesquisas israelenses ligadas ao sionismo buscam legitimar academicamente o apartheid na região, principalmente contra o povo palestino.

Colaboração com o genocídio

A instituição Shenkar colabora com o estado sionista e o massacre do povo palestino. De um lado, através da busca de parcerias disfarçadas de internacionalização para legitimar a violência, violações de direitos e ocupação de território palestino. Por outro lado, com produção direta de pesquisa para o desenvolvimento do aparato militar de Israel, com colaboração ampla com a IDF, braço armado do sionismo, e inteligência israelense, com ações que vão desde design e fabricação de uniformes de soldados da até a produção de tecnologias para serem aplicadas em combate no solo.

A própria pesquisa do Dan Y. Lewitus, conforme evidenciado em sua publicação científica "Reinforcement of poly (methyl methacrylate) by WS2 nanotubes towards antiballistic applications”, publicada em 2021, tem aplicação direta no desenvolvimento de tecnologia bélica, especificamente em coletes protetores. Os mesmos coletes que vestem os soldados sionistas da IDF. Seu trabalho busca desenvolver e testar compósitos de plástico especificamente para "aplicações antibalísticas", como "materiais à prova de balas" e "vidros à prova de estilhaços".

Os experimentos utilizaram o método Split-Hopkinson Pressure Bar (SHPB), teste dinâmico padrão-ouro para simular impactos de alta velocidade, como os de projéteis. O estudo, que contou com a participação e agradecimentos à RAFAEL – Advanced Defense Systems LTD (uma das principais empresas de armamento de Israel), visa explicitamente melhorar a "capacidade de absorção de energia" desses materiais para uso em equipamentos de proteção.

A propaganda irresponsável da UFDPar evidência que a parceria de docentes e da assessoria internacional coloca a universidade como colaboradoda máquina de guerra sionista, que aplica essas pesquisas contra o povo palestino em projeto de colonização. Um ato de cumplicidade da instituição e comunidade acadêmica com o genocidio étnico, e com a morte de mais de 60 mil pessoas, 20 mil delas sendo crianças, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza.

Reação da comunidade acadêmica

Após a publicação da nota política “UFDPar firma relação de pesquisa com estado sionista” pela União da Juventude Comunista (UJC) em Parnaiba que expôs essa visita constrangedora, João Paulo Macedo, reitor da UFDPar, afirmou que não houve acordo firmado formalmente entre as instituições, mesmo com a visita tenha ocorrido com suporte da assessoria internacional e tenha sido publicada matéria no portal oficial da UFDPar.

Questionado sobre o conteúdo da matéria e o posicionamento da instituição frente ao genocídio, ele respondeu: “O debate sobre a questão Palestina é imprescindível e é a massa crítica das universidades que deve fazê-lo para ampliar a compreensão do que está a correr. Neste aspecto o debate foi iniciado na UFDPar assim como tem ocorrido em outras IES e assim se constrói o acúmulo necessário e com maturidade e diálogo para dissipar certas compreensões”. Porém, não há posicionamento – sequer menção – a Gaza ou a Palestina nos portais de comunicação oficiais da UFDPar.

A exemplo do que vêm exigindo trabalhadores, estudantes e pesquisadores de todo o mundo, devem ser encerradas colaboração com indivíduos ou instituições sionistas, seja ele em fase de projeto, negociação ou formalização. No dia 18 de outubro ocorreu uma plenária de criação do Comitê Parnaíbano de Solidariedade ao Povo Palestino, com participação da comunidade acadêmica da universidade e outras organizações e pessoas da cidade.

A UFDPar precisa se posicionar claramente ao lado do povo palestino e do direito à ciência livre de cumplicidade com a opressão, tensionando o governo atual; e que dê voz a atividades voltadadas para o tema, como a roda de conversa em solidariedade ao povo palestino, desenvolvida pela UJC, que ocorreu ainda esse ano, em parceria com o CA de Psicologia Esperança Garcia e a Frente Palestina de São Paulo.