ICE persegue e sequestra brasileiros: repressão a imigrantes se intensifica nos EUA

Os casos de Marcelo, Rosane e Samarone revelam como o imperialismo estadunidense intensifica políticas racistas e xenofóbicas para endurecer as fronteiras, militarizar o território e reprimir comunidades negras, latinas e caribenhas.

27 de Junho de 2025 às 15h00

Estudantes da escola Milford High School protestam pela liberação de Marcelo Gomes da Silva. Reprodução/Foto: Jessica Rinaldi/The Boston Globe via Getty Images.

Por Correspondente Internacional nos EUA

No dia 31 de maio, o jovem brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, foi detido por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) quando se dirigia ao treino de vôlei em sua escola no estado de Massachusetts. A ação ocorreu enquanto ele dirigia o carro do pai, João Paulo Gomes Pereira, que seria o verdadeiro alvo da operação. Marcelo foi separado de sua família na véspera de sua formatura, marcada por um protesto organizado por membros de sua comunidade e da escola. Após uma semana de detenção, foi libertado no dia 5 de junho. Enquanto detido, Marcelo ficou numa sala com 35 outros homens, dormindo em um chão de concreto.  Além disso, não teve acesso a banhos ou a tratamentos médicos, assim como não foi alimentado de maneira devida, conforme entrevista dada a uma rede local.

Dias antes, no mesmo estado, o ICE utilizou a família da brasileira Augusta Clara Moura como isca para prender sua mãe, Rosane Ferreira de Oliveira. O episódio aconteceu logo após o companheiro de Augusta, Samarone Alves Ferreira de Souza, ser capturado por agentes do ICE em circunstâncias absurdas: foi abordado após buzinar para um veículo não identificado que o fechara no trânsito. No dia seguinte, os agentes foram até a casa de Augusta, alegaram que ela precisava assinar documentos e, ao sair acompanhada da mãe, prenderam Rosane.

Essas ações não são incidentes isolados, mas parte de uma ofensiva repressiva sistemática conduzida pelo Estado imperialista dos EUA contra a população imigrante. Desde sua criação em 2003, o ICE se consolidou como um dos instrumentos mais violentos do aparato repressivo estadunidense, com histórico de violações de direitos humanos, separação forçada de famílias, detenções em condições degradantes e até mortes sob custódia. Essa ofensiva ganhou fôlego sob a administração Trump e se mantém ativa, como demonstra a continuidade das operações arbitrárias.

Os casos de Marcelo, Rosane e Samarone revelam como o imperialismo estadunidense intensifica políticas racistas e xenofóbicas para endurecer as fronteiras, militarizar o território e reprimir comunidades negras, latinas e caribenhas. O discurso oficial de “crise migratória” e “invasão” serve apenas para mascarar as contradições internas do capitalismo estadunidense: o aumento do desemprego, o colapso dos serviços públicos, a explosão da desigualdade e a degradação das condições de vida da classe trabalhadora.

A denúncia desses casos não deve se limitar a apelos humanitários ou gestos diplomáticos. Trata-se de uma tarefa política: é preciso inserir a luta contra a repressão aos imigrantes na batalha internacional contra o imperialismo e o capitalismo. A classe trabalhadora brasileira e internacional deve compreender que essa repressão é parte da engrenagem de um sistema que explora, divide e aterroriza os povos.

Defender Marcelo, Rosane, Samarone e tantos outros imigrantes perseguidos pelo ICE é parte inseparável da luta por um mundo onde as fronteiras deixem de servir ao controle e à opressão, e se transformem em linhas de solidariedade entre os trabalhadores de todos os países. A tarefa histórica que se coloca diante do proletariado internacional é a reorganização socialista da sociedade. Somente ela poderá eliminar as causas profundas dessa violência e abrir caminho para a verdadeira emancipação da humanidade.