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  • Moradores denunciam obras no Aeroporto Internacional Afonso Pena em São José dos Pinhais (PR)

    A Associação de Moradores debate sobre os impactos da obra e descobre que mais de 20 mil moradores serão diretamente afetados, sem direito a sequer voz e voto numa consulta.

    22 de Abril de 2025 às 21h00

    Reunião com a Invasão do Costeirinha - Reprodução/Foto: Aline Holanda / Jornal O Futuro.

    Moradores dos bairros Costeirinha e Jardim Suíça terão suas vidas severamente impactadas por uma obra de grandes proporções para a inauguração de uma nova pista de pouso para o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR). A empreitada é uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal para ampliação do aeroporto para receber um volume maior de voos internacionais, recebendo verbas e alocando recursos para a construção a toque de caixa. A pressa para a construção das pistas deixou de levar em conta o tremendo impacto social com a população da região. A Associação de Moradores debate sobre os impactos da obra e descobre que mais de 20 mil moradores serão diretamente afetados, sem direito a sequer voz e voto numa consulta.

    O Grupo CCR, que detém a concessão do Aeroporto Internacional Afonso Pena em São José dos Pinhais, está despejando 8 famílias no bairro Costeirinha e vai desapropriar mais de 20 famílias, além de fechar a Rua Constante Moro Sobrinho, a principal via para os moradores da região. Algumas famílias que estão sendo despejadas já receberam notificações da CCR para sair até abril sem indenização ou auxílio moradia, e moradores da área de desapropriação relataram que já foram abordados para negociação, mas os valores são muito baixos, conforme relatos. Na página 155 do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV/RIMA) sobre a nova pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional Afonso Pena - Curitiba, realizado pela CCR Aeroportos:

    Alterações no assentamento e adensamento populacional e impacto associado: Realocação involuntária de moradores (em decorrência das desapropriações) 

    O Aeroporto está localizado numa região de ocupação urbana consolidada e, considerando as características da atividade, que já se encontra em operação, bem como do local em que se encontra, de uso predominantemente residencial a misto denso e consolidado, não há previsão de atração e adensamento populacional. Entretanto, será necessário realizar desapropriações em imóveis lindeiros ao sítio aeroportuário, gerando a realocação involuntária de pessoas e famílias.

    Com o fechamento da Rua Constante Moro Sobrinho, os moradores da região não terão acesso ao Colégio Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira e serviços de Urgência, Emergência e Segurança, além de mercados, farmácias e áreas de lazer como a do Jardim Suíça que fica hoje onde será construída a pista. A obra irá afetar mais de 20 mil moradores e precarizar o trânsito na Rua Silvio Pinto Ribeiro - Alameda Arpo / Rua Doutor Murici, fazendo com que hoje um trajeto de 7 minutos demore mais que 40 minutos.

    Sobre isso, o estudo EIV/RIMA consta a seguinte informação na página 158:

    Equipamentos Urbanos e Comunitários 

    O entorno do Aeroporto, conforme já apresentado, é de uso urbano consolidado, predominantemente residencial com estabelecimentos comerciais, de serviços e equipamentos para atendimento da população aí residente.

    Durante as obras, em especial com as interferências no sistema viário, é previsto que a população tenha seu acesso a esses estabelecimentos dificultada, entretanto, após o término das obras nas vias afetadas e a implementação da alternativa para garantir a mobilidade da população, este impacto não ocorrerá, estando assim relacionado à etapa de obras O quadro a seguir apresenta uma síntese das interferências possíveis nos equipamentos públicos considerando as características das áreas de influência e do empreendimento em si.

    A informação de que o impacto sobre o acesso será apenas na etapa da obra é fortemente contestada, pois as vias alternativas propostas causam um desvio excessivamente maior do que o necessário, causando impactos significativos no deslocamento de toda a comunidade para um benefício que a maioria dos moradores não terá qualquer oportunidade de desfrutar.

    O Aeroporto Internacional Afonso Pena é o principal aeroporto da região e opera sob uma forte contradição: ele não tem para onde expandir sem causar enormes impactos sociais sobre a região, após décadas de progressivas ocupações e loteamentos em seu entorno. Todo o seu perímetro é ladeado por zonas residenciais e reservas ambientais, muitas das quais são utilizadas historicamente para recreação da comunidade. A iniciativa da construção das pistas de pouso sobre esse território de tamanha importância para a comunidade caiu como uma bomba sobre os moradores.

    Processo de selagem das casas na Invasão do Costeirinha - Reprodução/Foto: Eloi da Rocha / Jornal O Futuro.

    Por conta disso, foi formada a comissão Todos Pelo Acesso, composta pelos moradores da região afetada, que tem como representantes membros da Associação de Moradores Antares, moradores do Jardim Suíça e militantes locais.

    A comissão tem se reunido com a população local para agir contra essa construção e os impactos drásticos sobre os moradores da região. Advogados populares e movimentos estão se concentrando nas ações legais e na organização dos moradores. Ainda é preciso mais visibilidade e medidas mais contundentes. Fortaleça a luta dos moradores de São José dos Pinhais pela permanência do acesso e contra a construção da pista de pouso por cima de suas casas.

    Dia 19 de março houve um ato contra a construção da terceira pista no Aeroporto Internacional Afonso Pena em São José dos Pinhais (PR). Segundo a comissão Todos Pelo Acesso, todo apoio é bem vindo, visto que as tratativas com o Grupo CCR não tem avançado. O jornal O Futuro cobrirá essa luta dos moradores frente aos interesses dos grandes monopólios.