Trabalhadores da multinacional Atento denunciam escala 7x1
Em 2017, a 27ª Vara do Trabalho de Salvador determinou que a Atento pagasse uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 300 mil por não garantir condições dignas de trabalho aos seus funcionários.

Por João Oliveira
No final do ano passado, mobilizações pelo fim da escala 6x1 tomaram o país em defesa de uma redução da jornada de trabalho. Junto dessas manifestações, também eclodiram diversos relatos de trabalhadoras e trabalhadores submetidos a jornadas ainda mais extenuantes, como foi o caso da empresa Zaffari, em que os trabalhadores denunciaram a criminosa escala 10x1.
Neste cenário de superexploração da força de trabalho, também recebemos denúncias sobre a empresa multinacional de telemarketing, a Atento, que impõe um regime de escala 7x1 aos seus trabalhadores, onde você trabalha sete dias seguidos e folga apenas um.
As empresas de telemarketing são alguns dos setores em que a exploração do trabalho atinge seus níveis mais brutais. Setores como esse se utilizam do empobrecimento, da falta de perspectiva no mercado de trabalho e da ameaça de desemprego para manter essas jornadas extenuantes, enquanto as empresas lucram bilhões às custas do desespero e do adoecimento físico e mental de seus trabalhadores.
Segundo informações da própria Atento, a empresa possui mais de 80 mil trabalhadores espalhados pelo Brasil e teve um faturamento, no ano de 2022, de mais de US$ 346 milhões no terceiro trimestre daquele ano, o que, convertido, representa um montante de quase R$ 2 bilhões.
Porém, a denúncia que recebemos sobre a escala 7x1 não é a primeira sobre as péssimas condições de trabalho impostas pela multinacional. Em 2017, a 27ª Vara do Trabalho de Salvador determinou que a Atento pagasse uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 300 mil por não garantir condições dignas de trabalho aos seus funcionários.
Além disso, alguns anos depois, em plena pandemia do Covid-19, houveram diversas denúncias relatando que os trabalhadores estavam sendo obrigados a trabalhar sem nenhum tipo de medida preventiva por parte da empresa, colocando suas vidas em risco.