Trabalhadores da multinacional Atento denunciam escala 7x1

Em 2017, a 27ª Vara do Trabalho de Salvador determinou que a Atento pagasse uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 300 mil por não garantir condições dignas de trabalho aos seus funcionários.

13 de Agosto de 2025 às 15h00

Por João Oliveira

No final do ano passado, mobilizações pelo fim da escala 6x1 tomaram o país em defesa de uma redução da jornada de trabalho. Junto dessas manifestações, também eclodiram diversos relatos de trabalhadoras e trabalhadores submetidos a jornadas ainda mais extenuantes, como foi o caso da empresa Zaffari, em que os trabalhadores denunciaram a criminosa escala 10x1.

Neste cenário de superexploração da força de trabalho, também recebemos denúncias sobre a empresa multinacional de telemarketing, a Atento, que impõe um regime de escala 7x1 aos seus trabalhadores, onde você trabalha sete dias seguidos e folga apenas um.

As empresas de telemarketing são alguns dos setores em que a exploração do trabalho atinge seus níveis mais brutais. Setores como esse se utilizam do empobrecimento, da falta de perspectiva no mercado de trabalho e da ameaça de desemprego para manter essas jornadas extenuantes, enquanto as empresas lucram bilhões às custas do desespero e do adoecimento físico e mental de seus trabalhadores.

Segundo informações da própria Atento, a empresa possui mais de 80 mil trabalhadores espalhados pelo Brasil e teve um faturamento, no ano de 2022, de mais de US$ 346 milhões no terceiro trimestre daquele ano, o que, convertido, representa um montante de quase R$ 2 bilhões.

Porém, a denúncia que recebemos sobre a escala 7x1 não é a primeira sobre as péssimas condições de trabalho impostas pela multinacional. Em 2017, a 27ª Vara do Trabalho de Salvador determinou que a Atento pagasse uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 300 mil por não garantir condições dignas de trabalho aos seus funcionários.

Além disso, alguns anos depois, em plena pandemia do Covid-19, houveram diversas denúncias relatando que os trabalhadores estavam sendo obrigados a trabalhar sem nenhum tipo de medida preventiva por parte da empresa, colocando suas vidas em risco.