Confronto entre tráfico e polícia militar causa sequestro de ônibus e mortes no Rio de Janeiro

A violência hoje é um mercado altamente lucrativo para todos os setores que se utilizam dela para o seu poder.

25 de Julho de 2025 às 18h00

Reprodução/Foto: Band.

No dia 15 de julho, iniciou-se uma operação de ocupação comandada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no Complexo da Serrinha – dominada pela facção criminosa TCP –, localizado no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. No início do mês, o Complexo sofreu também uma operação comandada pelo Batalhão de operações especiais (BOPE), que serviu com o objetivo de frear os confrontos com a favela do Juramento, que é comandada pela facção rival, o Comando Vermelho, CV.

As forças de segurança do Estado, dessa vez em incursão mais agressiva, conseguiram apreender dois fuzis, matar dois traficantes e capturar cinco. Em retaliação à operação, os traficantes sequestraram ao todo quinze ônibus e fecharam as principais vias do bairro, causando o fechamento do comércio local, instituições públicas e a interrupção do serviço de transporte público. Moto-táxis e parte da população da Serrinha desceram a favela para fazer uma manifestação contra a polícia e impedir a retirada de alguns ônibus, tática comum do tráfico a utilização da população como escudo contra a polícia. Existe uma suspeita por parte da população que a frequência de operações na Serrinha é por conta de uma melhor relação entre a polícia e a facção rival localizada no Juramento.

Mesmo com mortes, desmonte de barricadas e até a destruição de esconderijos do tráfico na favela, é de conhecimento popular que o problema persiste justamente porque hoje a guerra por território escancara que o Governo do Rio de Janeiro é apenas um mediador de conflitos entre facções e diversos grupos armados, inclusive batalhões corruptos e milicianos.

Não apenas na Serrinha mas em diversos locais durante o mês de julho já ocorreram confrontos por territórios que apenas interessam o lucro de grupos armados diversos e não o bem estar do povo. A violência hoje é um mercado altamente lucrativo para todos os setores que se utilizam dela para o seu poder. Sabemos que os fuzis apreendidos voltarão aos traficantes, sabemos que a polícia lucra com as apreensões, que, muitas vezes, são revendidos aos traficantes. É o ciclo diário em quase toda operação. As operações policiais apenas servem para equilibrar conflitos entre as facções, a vítima dessa realidade extremamente violenta são as classes mais baixas e a população negra, que em sua maioria se concentra em territórios marcados pela violência e pela pobreza.