Breque dos Apps em São Carlos (SP) tem sucesso na paralisação
A ação mobilizou 99% da categoria e brecou diversos estabelecimentos que se colocaram contrários à luta da categoria.

Entregadores reunidos durante o período noturno do dia 31 de março, e mobilizando o breque nos estabelecimentos. Foto: Marcelo Hayashi/Jornal O Futuro
Por Marcelo Hayashi
Entregadores de São Carlos (SP) realizaram a paralisação, como parte do "Breque Nacional dos apps 2025”, uma paralisação massiva contra a exploração das plataformas, nos dias 31 de março e 1º de abril. Localmente, 99% da categoria aderiu à mobilização contribuindo com a paralisação e auxiliando no breque nos mais variados estabelecimentos da cidade.
O movimento ocorreu em mais de uma centena de cidades por todo o Brasil, incluindo todas as capitais, e teve impactos diretos no funcionamento dos aplicativos e na repercussão midiática, dando visibilidade às pautas dos entregadores.
Na cidade do interior, o breque foi focalizado na doca do Shopping Iguatemi ao longo do dia, local de muito fluxo e de concentração dos entregadores da cidade, enquanto que ao longo da noite, diversos grupos de entregadores rodaram pela cidade buscando evitar a coleta dos entregadores e dialogando com os donos de estabelecimentos para fecharem as lojas no iFood, em apoio à categoria.

Entregador de São Carlos com adesivo da paralisação colado na bag de trabalho. Foto: Marcelo Hayashi/Jornal O Futuro
Em entrevista para o jornal O Futuro, o entregador Diego Rafael apontou que a mobilização local manteve contato com os entregadores na capital do estado (São Paulo), e comentou que as informações trazidas de lá apontaram para um prejuízo milionário para o iFood na bolsa de valores, apenas nas primeiras horas da paralisação, demonstrando a força da categoria. Segundo ele, “quando começa a doer no bolso deles, aí começa a voltar um pouco de atenção pra gente”.
Entre as principais pautas, a exigência do aumento da taxa para os entregadores para no mínimo R$10. O entregador Diego Rafael também apontou sobre a problemática das rotas duplas, onde o entregador faz duas entregas e recebe o valor de uma entrega apenas acrescido R$3 para a segunda, o que não representa o valor real de cada uma das entregas para o entregador. A exigência nesse caso é do fim da rota dupla ou que a plataforma pague as duas entregas cheias para o motoboy/motogirl.
Ele também apontou que alguns donos de estabelecimentos conversaram com os entregadores mobilizados, demonstrando seu apoio e respeito à categoria e fechando suas lojas nas plataformas para evitar o fluxo de pedidos. Porém, houveram relatos de donos de estabelecimentos contrários à luta da categoria, onde ameaças físicas com arma foram realizadas contra os entregadores.
A perspectiva de luta da categoria na cidade é continuar realizando reuniões periódicas entre os entregadores, buscando coesionar sua luta e aprimorando sua organização enquanto categoria. Além disso, caso as plataformas continuem não respondendo às demandas da categoria nacionalmente, os entregadores de São Carlos pretendem se somar às futuras mobilizações nacionais.