Povo equatoriano rejeita instalação de bases militares dos EUA em referendo nacional

O plebiscito, realizado no dia 16, registrou mais de 60% de votos contrários, de acordo com resultados oficiais divulgados pelas autoridades eleitorais. A consulta popular fazia parte de um pacote de reformas defendido por Noboa.

25 de Novembro de 2025 às 18h00

Manifestantes pedem a rejeição da proposta que prevê o retorno de instalações militares estrangeiras no país - Reprodução/Foto: Rodrigo Buendia/AFP.

Por João Oliveira

O povo equatoriano rejeitou, com ampla margem, a proposta do presidente Daniel Noboa que permitiria a instalação de bases militares estrangeiras no país. O plebiscito, realizado no dia 16, registrou mais de 60% de votos contrários, de acordo com resultados oficiais divulgados pelas autoridades eleitorais.

A consulta popular fazia parte de um pacote de reformas defendido por Noboa, que incluía mudanças constitucionais e outras medidas institucionais. Entre elas, a retomada da cooperação militar com os Estados Unidos para reforçar “o combate ao narcotráfico e ao crime organizado” — uma estratégia que ganhou força após a escalada de violência vivida recentemente no país.

Contexto da proposta

A possibilidade de receber tropas estrangeiras havia sido viabilizada meses antes, quando a Assembleia Nacional aprovou uma alteração constitucional que abria caminho para missões militares externas. O governo argumentava que a presença de forças dos EUA fortaleceria a capacidade operacional do Estado equatoriano “contra organizações criminosas transnacionais”.

Apesar disso, setores da sociedade civil, acadêmicos, organizações políticas e lideranças críticas ao governo alertavam para os riscos à soberania e para o histórico de tensões envolvendo bases norte-americanas na América Latina. O debate reacendeu memórias da antiga base de Manta, desativada em 2009, que operava com presença militar dos EUA na costa do Pacífico.

O resultado do referendo representou um claro revés político para Noboa. Analistas internacionais avaliam que o “não” venceu não apenas por rejeição à presença de tropas estrangeiras, mas também como reflexo do desgaste enfrentado pelo governo em meio ao agravamento da crise social e de segurança.