Direitistas reagem a evento de Jones Manoel na Universidade Católica de Brasília (UCB)
Apesar da baixa repercussão direitista no post e nos grupos, fica claro que há uma movimentação que, mesmo tímida, vem se expressando nas universidades e pode ganhar força frente à tendência mundial atual de crescimento de setores nazifascistas.

Reprodução/Foto: Patricy Albuquerque/Correio Braziliense.
Por Mateus Filgueira
Em matéria recente, denunciamos a presença de um grupo direitista no Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. Como uma resposta imediata, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e a União da Juventude Comunista (UJC) conseguiram mobilizar Centros Acadêmicos (CAs) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães para um dia de luta no dia 24/03.
Enquanto as redes da UCB Popular divulgava a mesa “Ensino, pesquisa, extensão e a Universidade Popular” com o Jones Manoel, um dos comentários ao post dizendo que “Jones Manoel jamais será bem-vindo na Universidade Católica de Brasília” (sic) chamou a atenção por se tratar de um jovem estudante da universidade com o lema “Don’t Tread on Me” – ligada a movimentos nazifascistas e supremacistas estadunidenses - em sua bio do Instagram.

Foto: Reprodução/Instagram.

Foto: Reprodução/Instagram.
Alinhado a isso, nas divulgações em grupos de turma, alguns alunos demonstraram repulsa ao “teor comunista da mesa”, alguns até tensionando com militantes da UJC, os cartazes divulgando o evento também foram retirados dos murais e quadros de avisos dos corredores e escadas. Um dia antes do evento, um grupo do curso de Engenharia de Software, realizou comentários nas páginas afirmando que “uma universidade católica não é o lugar de comunistas” e fizeram uma denúncia na ouvidoria da reitoria contra o evento e contra a professora que reservou o auditório, o que não teve resultado resultados frutíferos.
Apesar da baixa repercussão direitista no post e nos grupos, fica claro que há uma movimentação que, mesmo tímida, vem se expressando nas universidades e pode ganhar força frente à tendência mundial atual de crescimento de setores nazifascistas. Mesmo que não estejam organizados publicamente, é notável que estes grupos nazifascistas ganham o apoio de direitistas liberais e fundamentalistas religiosos para combater a “ameaça comunista” nas universidades.

Manifestação da Ku Klux Klan (KKK) em 1964 bradando a "Gadsden Flag". Reprodução/Foto: Esquerda Diário.
Originalmente, a bandeira de Gadsden (com uma cobra em posição de ataque sob a frase “Não pise em mim” em inglês), foi criada por Benjamin Franklin na luta norte-americana em sua independência em relação à Inglaterra. Historicamente, a bandeira foi ligada ao liberalismo que, como ante-sala do nazifascismo, em sua suposta luta por liberdade, na prática, usa a bandeira em encontros e protestos da Ku Klux Klan, de outros movimentos supremacistas e de grupos ultra-direitistas e conservadores como o Tea Party – movimento reacionário pró-Trump.

Reprodução/Foto: The Washington Post

Reprodução/Foto: Anthony Crider / Wikimedia Commons.
É um dever histórico dos comunistas o combate ao nazifascismo, herdado do Exército Vermelho Soviético na sua vitória contra o exército de Hitler. No Congresso da UNE em 2023, na UnB, a UJC expulsou o grupo da UJL sob as palavras de ordem “sai, sai do meio, sai que os comunistas estão sem freio”, “recua, fascista, recua é o poder popular que está na rua” e “fascistinhas, os comunistas vão ‘botar’ vocês na linha”.
Durante o CONUNE 2023, a C10 da UCB, liderada pela UJC, conseguiu brecar a constituição de uma chapa da União Juventude e Liberdade (UJL) para disputa de delegados na universidade e desde então não houve mais sinalização de sua presença no campus. Para o CONUNE 2025, a linha está dada: direitistas nazifascistas não se criarão novamente!
Em indicador recente (2024), o Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) apontaram que 79,3% das matrículas no ensino superior são do ensino privado. Isso é um reflexo das políticas liberais do Governo Lula que desde seu primeiro mandato, em 2003, vem realizando investimentos progressivos em programas como ProUni e FIES, priorizando o setor privado em detrimento do ensino público. Esse processo cria um terreno perfeito para uma imposição ideológica burguesa na nossa classe através de um ensino tecnicista, acrítico e liberal, além de facilitar o avanço de organizações como a UJL e dificultar, através de perseguições abertas, a organização estudantil comunista.