Vereadora de São Caetano do Sul sofre tentativa de cassação de mandato
Bruna Biondi sofre perseguição e o caso representa um movimento coordenado de uma ofensiva contra mandatos combativos de esquerda em âmbito nacional.

Manifestantes no ato em defesa do mandato de Bruna Biondi. Foto: Jornal O Futuro.
No dia 15 de abril, o PCBR se somou ao ato em defesa do mandato combativo de Bruna Biondi (MES-PSOL) que ocorreu na Câmara Municipal de São Caetano do Sul no ABC Paulista. Os manifestantes denunciavam o processo de perseguição em curso contra o único mandato feminino da casa e exigiam o direito da parlamentar de exercer o seu mandato, buscando impedir a instauração da comissão processante que estava sendo votada enquanto o ato ocorria ao lado de fora do plenário.
Bruna é a única vereadora mulher eleita em São Caetano e a sua reeleição — apoiada pelo PCBR — foi a mais bem votada na cidade em 2024. A tentativa de intimidação contra Biondi é um caso flagrante de violência política de gênero e não é um caso isolado, pois a parlamentar já vem sofrendo com tentativas de silenciamento no exercício de seu mandato, com outras tentativas de calar a vereadora, que sofre com as interrupções e tentativas de censura por parte de seus colegas.
O caso também representa uma ofensiva da extrema-direita contra mandatos populares que não se dobram aos interesses dos capitalistas a nível nacional. É emblemático o caso de Glauber Braga (PSOL), que vem sofrendo perseguição política na câmara dos deputados após denunciar o envolvimento de Arthur Lira (PP) em um esquema de corrupção no orçamento secreto.
O ato em defesa do mandato ocorreu fora do plenário, no hall da câmara municipal, a pedido da direita governista. A Guarda Municipal e a Polícia Militar foram mobilizadas para impedir que os manifestantes adentrassem ao plenário, embora assessores da direita e cones estivessem ocupando o espaço que seria destinado à população que se manifestava contra a tentativa de calar os interesses populares. Durante a sessão, Biondi foi impedida reiteradas vezes de seu direito à fala e houve até mesmo a tentativa de retirar sua assessoria parlamentar do espaço.
A perseguição, encabeçada pelo líder do governo, César Oliva (PSD), intensificou-se após as manifestações de Bruna, que denunciou a concessão do título de cidadão sul-caetanense - maior honraria da cidade - a Daniel Contro, diretor do colégio Liceu Jardim, de Santo André, que foi denunciado pelo crime de racismo após associar ciganos e homossexuais a criminosos. O crime de homofobia foi confessado por Contro na justiça, tendo sido condenado a pagar multa com o valor de R$40.000,00 destinado a entidades que atuem na causa LGBTI+.
O ato foi vitorioso contra a direita de César Oliva, que após a pressão da mobilização popular, solicitou o arquivamento do processo que ele mesmo havia aberto contra Biondi. No entanto, apesar de ser um recuo imposto por militantes organizados e pela esquerda na região do ABCDMRR, o arquivamento representa uma manobra covarde, uma vez que o processo pode ser reaberto a qualquer momento, mantendo essa ferramenta de chantagem política contra a vereadora.