Arroio Passinhos é exemplo de abandono após enchentes em Cachoeirinha (RS)

Mais uma vez, diante de problemas climáticos e estruturais, o cenário se repete: o poder público lava as mãos e lança palavras vazias, enquanto a população se organiza para solucionar de fato os problemas.

13 de Julho de 2025 às 15h00

Imagem divulgada pelo vereador Léo da Costa.

A cidade de Cachoeirinha (RS) é uma amostra da convivência cotidiana das trabalhadoras e trabalhadores gaúchos com os impactos das enchentes de 2024 e com o abandono do poder público diante de suas consequências.

No final deste mês de junho, mais uma vez volta às páginas das notícias locais a situação do Arroio Passinhos, na rua Telmo Silveira Dornelles. A situação não é nova, mas uma mera continuação: com uma obra problemática nos anos 2000, o Arroio Passinhos já chegou em condições precárias a maio de 2024, quando as grandes chuvas aceleraram ainda mais a situação – o desmoronamento das paredes do Arroio que já engoliu metade do asfalto da rua.

O retorno aos jornais, no entanto, não significa qualquer mudança na situação; a verdade é que a população da região convive com esse problema todos os dias há mais de um ano, e nada é feito além de promessas ao vento. Os relatos são graves; moradores vivem em área arrasada, com cheiro de esgoto e entulhos acumulados, e ainda sentem o medo de acidentes que o abandono pelo poder público pode gerar.

O que tem feito o poder público?

Prefeitura de Cachoeirinha. Reprodução/Foto: BrasilDeFato RS.

Diante dessa situação, a prefeitura de Cachoeirinha tem tomado o papel de entregar à população promessas vazias. Após meses sem respostas, em maio deste ano a prefeitura fechou um acordo com o governo federal, pelo qual conseguiu 19 milhões de reais para as obras, que devem ser complementadas com 11 milhões pela mesma. A gestão de Cristian Wasem (MDB), no entanto, parece não ter muita pressa; enquanto moradores convivem com medo e precariedade, a obra só iniciará ao final do ano, com previsão de durar 12 meses.

A posição do poder público tem sido confusa e nada útil à população. Com o projeto “Cachoeirinha 2050”, Cristian Wasem viajou à China durante o agravamento da situação de vida dos moradores do Arroio Passinhos para buscar soluções hídricas e investimentos na cidade. Nos parece justo questionar: Cristian busca financiamento para Cachoeirinha e novas soluções, mas, por que, quando está com o dinheiro em mãos do acordo com o governo federal, não atende prontamente às necessidades básicas do município? A situação ainda piora: nesta semana, a base governista do MDB recusou o Projeto de Lei Legislativo 4/2025, de autoria de Gustavo Almansa (PT), que previa a obrigatoriedade de relatórios anuais sobre o funcionamento das duas casas de bomba da cidade. Mais uma pergunta vem à mente: enquanto o prefeito Wasem “busca inovações tecnológicas”, por que sua base partidária de vereadores recusa medidas simples e sem custos, como relatórios de funcionamento de um maquinário tão importante na prevenção das cheias?

A resposta vem de baixo

Enquanto os governantes agem como baratas tontas, buscando formas de ganhar algo em cima da crise, a população se organiza para exigir mudanças. Cansados de esperar, os moradores organizaram, por meio de suas associações, uma ação civil contra a prefeitura no Ministério Público, exigindo uma resposta emergencial à situação em até 30 dias e um estudo técnico sobre a situação em até 60 dias.

Mais uma vez, diante de problemas climáticos e estruturais, o cenário se repete: o poder público lava as mãos e lança palavras vazias, enquanto a população se organiza para solucionar de fato os problemas.