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  • Em Diadema (SP), Guarda Civil Municipal age de maneira violenta e ataca Batalha da Revolução

    Movimentos de cultura da classe trabalhadora são constantemente perseguidos por forças políticas.

    26 de Abril de 2025 às 18h00

    Participantes da Batalha da Revolução na noite do dia 07/04 em Diadema. Foto: Organização da Revolução.

    Na noite de 07 de abril, a Guarda Civil Municipal (GCM) de Diadema fez uma abordagem violenta aos artistas que se reuniam para realizar mais uma edição da Batalha da Revolução sob o pretexto de busca e apreensão de drogas ilegais. Segundo relato, os organizadores da batalha se reuniram como de costume para realizar mais uma edição dessa batalha que acontece há 8 anos todas as segundas-feiras, quando de repente foram abordados por um civil (suposto policial à paisana) que lhes perguntou se estavam portando algum tipo de substância ilícita. Os organizadores negaram e em seguida foram surpreendidos com a ação truculenta da Guarda Civil Municipal, que realizaram uma abordagem violenta com os participantes da batalha.

    Os organizadores da batalha e militantes da UJC/PCBR se mobilizaram para que ninguém fosse levado do local pelos oficiais, que só depois de muita discussão desistiram da abordagem.

    A atuação das Guardas Municipais com forças de repressão não é algo novo. Em 2014 o governo Dilma sancionou um projeto de lei autorizando as Guardas a atuarem com poder de polícia (Lei nº 13.022/2014) e em 2025 o Supremo Tribunal Federal tomou uma nova decisão reconhecendo as GCMs como órgãos de “segurança pública” - (RE) 608588. Nesse sentido, a atuação das Guardas Municipais em ações de repressão policial são uma questão crescente há anos.

    Ainda assim, houve uma escalada da violência policial em Diadema desde que a gestão Taka assumiu a prefeitura no início do ano. Tais ações tem se espalhado por toda região metropolitana de São Paulo, revelando que as forças políticas estaduais e municipais (em maioria representadas pela extrema-direita) estão empenhadas em perpetuar o encarceramento e assassinato da juventude trabalhadora.  A abordagem e tentativa de intimidação da GCM em 07/04 é mais uma demonstração do quão insuficiente é a política de descriminalização da maconha a partir de uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Na prática, jovens negros e periféricos seguem sendo tratados como marginais e bandidos, enquanto a classe dominante persiste gozando de plenos direitos e condições para uso de quaisquer tipos de substância sem sofrer nenhuma punição.

    Por outro lado, a direita segue mobilizada para perpetuar a perseguição  aos movimentos de cultura periféricos, liquidando qualquer tipo de organização cultural da classe trabalhadora. Uma dessas articulações é a  Lei Anti-Oruam, um projeto proposto pela vereadora paulista Amanda Vettorazzo (União Brasil) que oficialmente intenciona a proibição da contratação de artistas que contenham apologias ao crime ou às drogas em suas apresentações abertas ao público infanto-juvenil pela Prefeitura. A proposta parte de um discurso moralizante adotado pela direita contra o crime e as drogas que serve como pretexto para atacar quem vive nas periferias e utiliza dos meios à disposição, a saber, nesse caso, o meio cultural, para se expressar em relação a aspectos da realidade que enfrenta.

    Além disso, a percepção de que a direita escolhe os mais pobres como alvo de ataque fica ainda mais clara quando se tem em mente que é uma proposta até mesmo redundante do ponto de vista da lei vigente: o Código Penal Brasileiro, por meio do artigo 287, já prevê a detenção de três a seis meses ou uma multa a quem incita crimes, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) aborda a questão através do artigo 74 ao estabelecer que “o poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada”, e através do parágrafo único que “as crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável”. A redundância ao criar essa proposta evidencia a preocupação da direita em deixar cada vez mais em aberto o que pode ser tido como “apologia ao crime e às drogas” em apresentações culturais para legitimar a sua opressão moralizante contra elas. É, assim, um projeto da burguesia voltado a censurar e cercear a liberdade de expressão dos menos privilegiados, a classe trabalhadora.

    Isso mostra também que os movimentos de cultura da classe trabalhadora são constantemente perseguidos pelas forças políticas, e tal fato tem se mostrado evidente a partir dos esforços da direita paulista para aprovar a Lei Anti-Oruam, legalizando a perseguição a todo movimento cultural periférico. A resistência dos trabalhadores e seus movimentos de cultura demonstram a importância também da luta pela legalização de todas as substâncias, pelo fim da polícia militar e toda variação que se apresente no Estado (guarda-civil ou polícia municipal). Reivindicar os movimentos de cultura periféricos também é pautar o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, para que os trabalhadores possam gozar de melhores condições de descanso e lazer.