• Assine o jonal
  • Edição impressa
  • Artigos
  • Contato
  • Quem somos
  • PCBR
  • UJC

  • Agronegócio e Clima
  • Amazônia
  • Economia
  • Editoriais
  • Internacional
  • Juventude
  • Opinião
  • Segurança Pública
  • Sindical
  • Enchentes no Sol Nascente escancaram abandono do governo do Distrito Federal

    A região é periférica, majoritariamente negra e pobre e enfrenta anos de descaso. O mais recente temporal deixou um rastro de prejuízos pela falta de políticas públicas em uma das maiores favelas da América Latina.

    5 de Dezembro de 2024 às 21h00

    Foto: Portal Metrópoles.

    As recentes enchentes no Sol Nascente, no Distrito Federal, reforçam uma dolorosa realidade para seus moradores: a negligência histórica por parte do governo local. O mais recente temporal, que causou destruição em diversas áreas, deixou um rastro de prejuízos e trouxe novamente à tona o abandono de uma das maiores favelas da América Latina, onde vivem cerca de 100 mil pessoas. Os alagamentos atingiram pontos críticos como os trechos 2 e 3, próximos à Feira do Produtor e ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Na avenida do Córrego das Corujas, a força das águas destruiu asfaltos recém-recuperados, expôs a fragilidade da drenagem e arrastou carros, com casos de motoristas precisando ser resgatados. Moradores também perderam móveis, eletrodomésticos e tiveram suas casas inundadas, agravando ainda mais a vulnerabilidade da comunidade.

    Os relatos de abandono são recorrentes. A falta de drenagem adequada e as obras mal planejadas aumentam a vulnerabilidade da comunidade durante o período de chuvas. Na Feira do Produtor, comerciantes contabilizam prejuízos enquanto aguardam uma resposta efetiva do governo. Em 2020, o governo do Distrito Federal anunciou um investimento de R$ 300 milhões em infraestrutura no Sol Nascente, incluindo pavimentação e sistemas de drenagem. No entanto, a realidade continua a mesma: ruas transformadas em rios de lama, buracos e obras feitas de forma improvisada. Enquanto isso, regiões nobres seguem recebendo atenção prioritária, com investimentos constantes e infraestrutura moderna capaz de suportar períodos chuvosos.

    Com casas sendo interditadas e pessoas transferidas para abrigos, o governador Ibaneis Rocha afirmou, em suas redes sociais, que se trata apenas de um transtorno. Já o secretário de Obras, Valter Casimiro, declarou que “a rede de drenagem do Sol Nascente/Pôr do Sol está funcionando bem” e que só precisa de alguns ajustes. Enquanto isso, os moradores da região têm que lidar com as fortes chuvas, que estão longe de terminar.

    A situação no Sol Nascente é frequentemente classificada como um caso de racismo, onde políticas públicas negligenciam territórios habitados majoritariamente por populações negras e de baixa renda. Para especialistas, isso não apenas reflete desigualdades socioeconômicas, mas também viola direitos humanos fundamentais, como o acesso a saneamento básico e moradia digna. O contraste com regiões privilegiadas do DF escancara o abismo social. Enquanto o Plano Piloto e outras áreas nobres ostentam avenidas bem conservadas e sistemas de drenagem eficientes, o Sol Nascente permanece refém da precariedade. Segundo dados do IBGE, cerca de 400 mil pessoas no DF ainda vivem sem acesso a saneamento básico, a maioria delas em comunidades, como o Sol Nascente.