EDITORIAL: Independência - de quem?
Neste 7 de Setembro, temos que questionar a Independência do Brasil – econômica, militar, política, diplomática? Sim. Mas principalmente devemos olhar criticamente para como a nossa classe vem lutando por sua independência política, construindo seus próprios instrumentos e se preparando para a luta final.

A história nos prega peças com suas coincidências. Nas proximidades do dia 7 de Setembro, comemoração oficial da Independência do Brasil, vimos os últimos meses serem palco de diversas provocações de Donald Trump contra o nosso país. Não faltou, no campo governista, aqueles que tenham aproveitado isso para tentar disfarçar o atual governo como “anti-imperialista” ou coisa que o valha.
É impossível falar em anti-imperialismo sem falar em anticapitalismo, em luta pela revolução socialista no Brasil. E fica difícil falar com coerência em anti-imperialismo quando o atual governo aprofunda o papel primário-exportador do país, apoiando o Acordo Mercosul-UE e a construção da Ferrogrão; quando acena para o “imperialismo verde” dos monopólios franceses na divulgação da COP 30; ou quando se recusa a romper relações com o Estado genocida de Israel. A agitação governista é uma máscara oportunista para a luta necessária contra a provocação imperialista de Trump – que não pode ser combatida com a unidade entre trabalhadores e burguesia, essa sempre afeita a rifar os interesses brasileiros em prol de seus lucros.
Podemos falar, então, verdadeiramente de “independência”? Se é verdade que o Brasil teve sua independência política formal em 1822, suas relações de interdependência com o sistema imperialista mundial seguem a todo vapor. Nossa posição intermediária – que importa capitais do centro do imperialismo e exporta capitais para países ainda menos desenvolvidos – confere uma particular importância para a luta dos trabalhadores em nosso país, que têm a tarefa árdua de derrotar não apenas a “nossa” burguesia, mas também suas infinitas conexões com a classe dominante nos mais diversos países do mundo.
O que significa, então, falar de independência? Assim como “democracia”, essa palavra pode ter muitos significados distintos. Para os trabalhadores, a primeira classe na história da humanidade a unir-se internacionalmente pelos mesmos interesses, superando as fronteiras nacionais, o fundamental é a independência política da nossa classe. Vivemos sob as botas – literais e metafóricas – da burguesia e desenvolver nossa ideologia, nossa organização, nossa visão de mundo e nosso Partido é condição necessária para que possamos fazer frente aos que nos exploram e oprimem.
Sem a independência política da classe trabalhadora, nenhum esforço de luta será bem-sucedido. Estaremos sempre dependendo das ideias e dos interesses alheios, “marchando sob bandeira alheia”, como dizia Vladimir Lênin, e nunca os interesses objetivos da nossa classe terão sucesso.
Por isso, neste 7 de Setembro, temos que questionar a Independência do Brasil – econômica, militar, política, diplomática? Sim. Mas principalmente devemos olhar criticamente para como a nossa classe vem lutando por sua independência política, construindo seus próprios instrumentos e se preparando para a luta final. Temos muito a fazer para conquistar, de verdade, essa independência.