Rodrigo Manga, prefeito de Sorocaba, é afastado do cargo por suspeita de corrupção
O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), acaba de ser afastado do cargo pela Justiça e proibido de pisar na Prefeitura e de manter contato com servidores.

Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Sorocaba.
Por João Pedro Monteiro
Na manhã desta quinta-feira (6), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) determinou o afastamento de Rodrigo Manga (Republicanos) do cargo por 180 dias, no âmbito da segunda fase da Operação Copia e Cola, que é conduzida pela Polícia Federal e investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos da saúde municipal.
A segunda fase da Operação Copia e Cola cumpriu mandados de busca e apreensão e prendeu preventivamente duas pessoas. Entre os detidos está Marco Silva Mott, empresário apontado como lobista e operador financeiro de um esquema de lavagem de dinheiro e superfaturamento de contratos ligados à Secretaria de Saúde. A investigação indica que empresas fantasmas e contratos clonados garantiam o repasse sistemático de recursos públicos a um grupo restrito, numa espécie de “copia e cola” de práticas já denunciadas em outras gestões do país.
Não é coincidência que o centro da operação recaia sobre a saúde, setor mais sensível da administração pública e o que mais sofre com a precarização e a terceirização de serviços. Em Sorocaba, unidades básicas seguem sucateadas, trabalhadores denunciam atrasos salariais e falta de insumos, e usuários enfrentam filas que se estendem por meses.
Em vídeo gravado para o Tik Tok, em Brasília – onde buscava apoio político e defendia o PDL da Pedofilia – Manga usou seu perfil para ironizar o inevitável. A frase “Incrível, me afastaram do cargo de prefeito”, escrita com escárnio na legenda do vídeo, tentava transformar a crise em piada, e marcou o início de mais um capítulo na série de escândalos que atravessam a política sorocabana.
Esta não é a primeira vez que o nome de Manga aparece nas páginas da Polícia Federal. A primeira fase da operação, deflagrada em abril deste ano, já havia mirado o entorno político do prefeito, com buscas em endereços ligados à prefeitura e a empresários contratados. A Justiça determinou o bloqueio de bens do prefeito e de outros investigados, somando cerca de R$ 6,5 milhões.
O novo prefeito interino herda uma máquina administrativa corroída pela suspeita, pela personalização extrema do poder e pela dependência da imagem pública de Manga. Resta saber se Fernando Neto (PSD) tentará imprimir algum rumo próprio à gestão ou se apenas conduzirá o município em “modo piloto automático” até o retorno – ou eventual queda definitiva – do titular.
Na mesma semana em que o prefeito é afastado, diversos movimentos sociais e entidades da cidade se somam à luta antimanicomial contra o avanço das comunidades terapêuticas, reagindo ao Decreto nº 30.503/25. Apelidada pelos movimentos como Decreto do Sequestro, a medida autoriza internações involuntárias de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Movimento antimanicomial na Câmara de Sorocaba. Reprodução/Foto: Cezar Ribeiro.
Publicado sob o pretexto de “emergência em dependência química”, o decreto foi denunciado pelo Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS) como segregacionista e higienista, violando princípios constitucionais e diretrizes da reforma psiquiátrica. Assim, o mesmo governo acusado de desviar verbas da saúde tentava impor, pela via autoritária, um modelo de encarceramento disfarçado de cuidado – revelando que a crise não é apenas de corrupção, mas do próprio projeto de sociedade.