Sete jovens são mortos pela PM no Amapá
A ação da Polícia Militar do Amapá ocorreu sem que houvesse qualquer sinal de confronto, na madrugada do dia 04 de maio (domingo), nas proximidades da ponte do Canal de Jandiá.

Carro alvejado após o assassinato de sete jovens em Macapá. Reprodução/Foto: Estado do Pará News.
Na madrugada do dia 4 de maio de 2025, sete jovens foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Amapá, quando voltavam de um jogo de futebol. O crime ocorreu na Via Expressa Aníbal Barcellos, nas proximidades da ponte de concreto sobre o Canal do Jandiá, em Macapá. As imagens revelam um cenário de execução: dezenas de disparos, marcas de tiros por toda a lataria, sangue e silêncio. Em mais um episódio de violência institucional, o Estado escancara o seu projeto político.
Esse não é mais um caso isolado, mas sim o resultado direto da política de segurança do governo estadual que, sob o comando de Clécio Luís, tem priorizado o investimento em aparato repressivo em detrimento da saúde, da educação e dos demais interesses da população. Fuzis israelenses, viaturas novas, expansão das Polícias – tudo isso em meio a hospitais sucateados e escolas abandonadas. O mesmo governo que celebra a ampliação do “poder de fogo” é o que fecha os olhos para a fome nas periferias de Macapá.
Os jovens voltavam de uma lanchonete onde comemoravam a vitória de um jogo de futebol amador quando o carro foi interceptado pela Companhia de Motopatrulhamento Tático (Patamo) com o apoio da Companhia de Operações Especiais (COE), que efetuaram os disparos.
Um dos sete jovens executados, Wendel, era acadêmico de educação física e jogador de futebol; outro, recém-ingresso no Exército, pai de uma menina que completaria um ano naquele dia.
As imagens divulgadas mostram a PM abrindo fogo contra um carro sem qualquer sinal de confronto. Os relatos de familiares e testemunhas apontam que os jovens estavam desarmados, voltando de um evento esportivo. A versão da Polícia Militar é tão inconsistente que, ao afirmar, que os jovens abriram fogo contra as viaturas, desconsidera que é muito pouco provável que seja possível manipular armas de grosso calibre, como as apresentadas pelos policiais, no banco traseiro de um carro compacto em que havia cinco jovens.
O Estado, além de não promover qualquer política de proteção, mostra sua eficiência na execução de jovens como inimigos de guerra. A Secretaria de Segurança Pública do estado, em nota oficial em um primeiro momento, se limitou a reproduzir a versão dada pela PM-AP, de que houve uma denúncia de tráfico de drogas e troca de tiros, mas, diante da repercussão negativa e de contestações da população, o governador Clécio Luís publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) que os policiais envolvidos foram afastados, e prometeu rigor nas investigações.
A Polícia Militar no Amapá
O caso é didático para mostrar como a Polícia Militar do Amapá atua como um grupo de extermínio institucionalizado, ativamente perseguindo jovens com passagens e ficha criminal. A justificativa dada pela polícia e reproduzida pela imprensa local aos quatro ventos coloca no centro da ação o morto Erick Marlon Pimentel, apontado pela PM como “chefe” do tráfico de drogas na Zona Norte da capital e aqueles que tentam justificar a ação se apoiam nisso para imputar ação criminosa a todos os jovens.
O Amapá lidera o ranking nacional de mortes decorrentes de intervenções policiais, com uma taxa de 23,6 mortes por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional de 3,1. Além disso, 33,7% das mortes violentas no estado são causadas por ações policiais, a maior proporção do país. As principais vítimas são jovens negros entre 18 e 29 anos, mortos em vias públicas. (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública-FBSP).

Polícia Militar do Amapá. Reprodução/Foto: Arquivo GEA/Amapá.gov.
A militarização da segurança pública é parte da engrenagem do Estado burguês. Serve aos interesses da classe dominante, garantindo os lucros dos mais ricos à base do medo e do sangue da juventude trabalhadora, preta e periférica. Não é por acaso que, nesse cenário, sejam incontáveis as mortes de jovens trabalhadores.