Estudantes de colégio cívico-militar do Paraná são flagrados cantando música com apologia à violência

Nas imagens, os alunos entoam versos como “Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão”, letra associada a cânticos de grupamentos táticos.

12 de Dezembro de 2025 às 15h00

Colégio Cívico-Militar no Paraná. Reprodução/Foto: Gabriel Rosa/AEN.

Por João Oliveira

Um vídeo gravado dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar João Turin, em Curitiba (PR), provocou forte repercussão estadual após mostrar um grupo de estudantes marchando e cantando uma música que faz apologia explícita à violência policial. Nas imagens, os alunos entoam versos como “Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão”, letra associada a cânticos de grupamentos táticos.

O vídeo começou a circular nas redes sociais após ser divulgado pelo Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná (APP-Sindicato), que classificou o episódio como “grave” e afirmou que o conteúdo reforça uma cultura de violência incompatível com o ambiente escolar. Para o sindicato, o caso demonstra um problema estrutural no modelo cívico-militar.

“É chocante ver que a escola pública seja usada para promover uma doutrinação extremista que prega o massacre de comunidades periféricas”, disse a APP-Sindicato em nota.

Debate sobre militarização da educação

O caso reacendeu o debate sobre o modelo cívico-militar implementado no Paraná desde 2020 pelo governador Ratinho Jr. (PSD). O programa prevê gestão compartilhada entre um diretor civil e um militar de reserva, além da presença diária de monitores militares responsáveis pela disciplina. Atualmente, mais de 300 escolas no estado funcionam sob esse modelo.

Especialistas em educação e entidades da sociedade civil afirmam que o modelo abre brechas para práticas que reforçam hierarquização excessiva, perda de autonomia pedagógica e introdução de valores incompatíveis com a educação democrática.

O caso expõe uma contradição central: a militarização promete disciplina, mas acaba legitimando a lógica da força, da coerção e da violência como método formativo - algo totalmente oposto ao objetivo da escola pública.