Marcha da Assistência Social mobiliza Londrina em protesto contra corte de R$17 milhões
A Lei Orçamentária Anual (LOA) da cidade para 2026 propõe uma queda no orçamento da assistência social: de R$134 milhões para cerca de R$117 milhões, uma redução de R$17 milhões em relação ao previsto para 2025.

Reprodução/Foto: Thalita Bastos.
Por João Oliveira
Em uma manhã marcada pela mobilização social, trabalhadores, usuários, entidades de assistência social, movimentos populares e partidos tomaram as ruas de Londrina (PR), no último sábado (15), para protestar contra o corte de R$17 milhões no orçamento da política de assistência social, anunciado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 pela gestão do prefeito Tiago Amaral (PSD).
A chamada “Marcha da Assistência Social” reuniu dezenas de manifestantes - entre organizações da sociedade civil, conselhos municipais, população usuária e trabalhadores do setor - que exigiram a revisão das reduções previstas e alertaram para os riscos concretos de desmonte de programas, projetos, serviços e benefícios ofertados pelo município.
O protesto e as reivindicações
Os manifestantes caminharam em passeata por pontos centrais da cidade, exibindo cartazes com frases como “direitos não se cortam, se garantem” e “assistência social não é caridade, é direito”, e entoando palavras de ordem contra o que definiram como “cortes cruéis para os mais vulneráveis”. Além disso, também se ouviram palavras de ordem como “ô Amaral, presta atenção, o seu palácio vai virar ocupação”.
A concentração da Marcha se deu em frente ao Cine Teatro Ouro Verde e se deslocou até a sede da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), passando pelas principais ruas de Londrina.
Dentre os mais afetados por esse corte milionário estão as entidades que mantêm convênios com a Prefeitura de Londrina. O corte previsto pode levar ao encerramento de programas consolidados e à demissão de diversas trabalhadoras e trabalhadores, além de reduzir ou acabar com serviços essenciais, conforme denunciado por representantes dessas entidades.
O contexto orçamentário
A LOA para 2026 propõe uma queda no orçamento da assistência social: de R$134 milhões para cerca de R$117 milhões, uma redução de R$17 milhões em relação ao previsto para 2025.
O Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e diversos movimentos populares já se manifestaram reiteradas vezes contra esse corte. Eles alertam que impactos virão nos programas de transferência de renda, nos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos e nos benefícios eventuais emergenciais.
Impactos para entidades e usuários
Entidades sociais que atendem populações em situação de desproteção social - como pessoas em situação de rua, famílias de baixa renda, crianças, idosos e pessoas com deficiência - destacam os riscos concretos: encerramento de projetos, redução de benefícios, demissão de trabalhadoras e trabalhadores e sobrecarga nas unidades de atendimento.
Já outras entidades como a Associação Flávia Cristina, por exemplo, alertam que o corte pode comprometer residências inclusivas para pessoas com deficiência, que dependem de financiamento público para manter profissionais (cuidadores, assistentes sociais, psicólogos, etc.) e infraestrutura (imóvel, transporte, alimentação, itens de higiene, etc.).
Cenário político em Londrina
A polêmica ocorre em meio a discussões mais amplas sobre a reorganização administrativa proposta pela gestão de Tiago Amaral, que incluiu a fusão de secretarias - como a de Assistência Social, Mulheres e Pessoas Idosas - em uma única pasta, desconsiderando as particularidades de cada política pública.
Mobilização e próximos passos
A Marcha da Assistência Social do último sábado (15) reforça a pressão popular para que a Prefeitura reavalie a proposta orçamentária. As entidades pedem, além da manutenção dos programas e serviços, diálogo permanente com os diferentes atores sociais - conselhos, OSCs, trabalhadores da área e população usuária - para garantir que a assistência social não seja esvaziada em nome de ajustes fiscais que afetam diretamente a vida da população londrinense.
A Marcha da Assistência Social em Londrina marca, assim, um momento de forte questionamento da gestão sobre prioridades orçamentárias. Para muitos, é um alerta: direitos conquistados e serviços essenciais estão sob ameaça, e a sociedade se organiza para exigir que a cidade não abra mão de sua rede de proteção social.