Trabalhadores da Casa Bom Samaritano protestam contra abandono em Londrina

O protesto, marcado por faixas e palavras de ordem, foi convocado pelo Senalba – Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Norte do Paraná, que vem acompanhando o caso e denunciando as irregularidades cometidas pela direção da entidade e pelo poder público municipal.

23 de Outubro de 2025 às 0h00

Reprodução/Foto: @senalbalondrina.

Por João Oliveira

No dia 15, cerca de 40 trabalhadores e ex-funcionários da Casa do Bom Samaritano se manifestaram em frente a instituição para denunciar o atraso no pagamento de salários, a falta de verbas rescisórias e o descaso com documentos indispensáveis para o acesso ao seguro-desemprego e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O protesto, marcado por faixas e palavras de ordem, foi convocado pelo Senalba – Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Norte do Paraná, que vem acompanhando o caso e denunciando as irregularidades cometidas pela direção da entidade e pelo poder público municipal.

Segundo o sindicato, o problema se agravou após o rompimento do convênio entre a Casa do Bom Samaritano e a Secretaria Municipal de Assistência Social, no final de setembro deste ano. O fim do contrato deixou dezenas de famílias sem renda, enquanto a instituição manteve parte de suas atividades através de outros convênios com a Secretaria do Idoso e com a Secretaria de Educação.

“O Bom Samaritano não fechou. O que encerrou foi o convênio com a assistência social. Muitos trabalhadores foram demitidos e não receberam as rescisões, nem os salários de setembro. Outros continuam trabalhando, mas também estão com pagamento atrasado”, denunciou Vilson Vieira de Melo, presidente do Senalba.

Cerca de 70 trabalhadores atuavam na instituição. Com o encerramento do convênio, 40 foram demitidos, permanecendo sem salários e rescisões, enquanto outros 30 continuam em atividade, também com vencimentos atrasados.

“Os trabalhadores estão passando por necessidade. Muitos não conseguem pagar o aluguel, comprar comida, nem pagar água e luz”

A situação se agrava com o fato de a Casa do Bom Samaritano estar sob intervenção judicial desde o fim de setembro, após decisão da Vara da Fazenda Pública. O interventor nomeado, padre César Braga Neto, havia se comprometido a regularizar os pagamentos, mas, conforme o sindicato, não cumpriu as promessas nem dialoga mais com os representantes dos trabalhadores.

“Tivemos um primeiro contato com o interventor logo após ele assumir. Ele afirmou que colocaria os salários em dia e resolveria as pendências, mas nada aconteceu. Ele não atende mais o sindicato nem os trabalhadores”, relatou o presidente do Senalba,que estava presente no ato.

Com mais de quatro décadas de atuação, a Casa do Bom Samaritano é conhecida em Londrina pelos serviços prestados a pessoas idosas, crianças e pessoas em situação de rua. Entretanto, o que antes era símbolo de acolhimento e solidariedade tornou-se hoje palco de negligência e exploração, consequência direta da precarização das relações de trabalho nas entidades conveniadas ao poder público.

O Senalba anunciou que continuará mobilizado e pretende acionar o Ministério Público do Trabalho para exigir o pagamento imediato dos salários e das rescisões.

O caso expõe mais uma vez o abandono das políticas públicas nas áreas sociais sob a lógica da terceirização e dos convênios, onde o poder público lava as mãos enquanto entidades privadas, religiosas ou filantrópicas assumem funções estatais — às custas da superexploração da força de trabalho.

A mobilização das trabalhadoras e dos trabalhadores da Casa do Bom Samaritano é exemplo de resistência e solidariedade de classe, um passo necessário na luta contra a precarização do trabalho e a privatização dos serviços públicos.