Entregadores de aplicativo convocam paralisação nacional nos dias 31 de março e 1º de abril
Após a derrota nas negociações com o Governo Federal para a regularização da categoria, entregadores recorrem à greve nacional para defender suas reivindicações.

Reprodução/Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas.
Após a derrota nas negociações com o Governo Federal para a regularização da categoria em uma mesa de negociação tripartite, com representantes do Governo Federal, representantes das empresas Rappi, Uber, Ifood, Loggi etc., e representantes da categoria dos entregadores, a proposta inicial da categoria foi rejeitada, culminando na convocação de uma paralisação nacional.
A proposta inicial oferecida pela categoria em 2023, proposta essa feita para ao Governo Lula-Alckmin, era de R$ 35,76 por hora para entregadores de motocicleta e R$ 29,73 para entregadores ciclistas. Porém, a contraproposta das plataformas junto ao Governo Federal foi de R$ 10,20 a R$ 12,00 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7,00 para ciclistas. A contraproposta gerou revolta na categoria, uma vez que não admite como jornada de trabalho o tempo de espera do entregador pelo pedido.
Outro ponto que chama bastante atenção, são os lucros exorbitantes que essas plataformas possuem. Por exemplo, o iFood estima uma receita de R$1 bilhão em 2025, crescimento notável em comparação com 2024, quando terminou com uma receita de R$ 658 milhões. Tais números só são possíveis com a superexploração de 760 mil entregadores por todo o país, os quais realizam 80 milhões de entregas por mês.
A postura intransigente das plataformas, apoiada pelo Governo Federal, culminou na iniciativa justa da greve que será posta em prática neste 31 de março e 1º de abril. Lutas como as dos entregadores de aplicativo e a luta pela redução da jornada de trabalho são exemplos de como o proletariado brasileiro necessita de mobilizações e demonstrações de força para enfrentar os abusos trabalhistas dos grandes monopólios.
A luta por melhores condições de trabalho perpassa por diversos ramos e setores dos trabalhadores. A organização dessas categorias é uma das principais maneiras de combater e conquistar direitos básicos para suas condições de vida. Nesse cenário, os entregadores de aplicativos têm sido inovadores em organização na atual conjuntura.
Mesmo não tendo uma entidade sindical formalmente organizada, a Voz dos Entregadores, movimento que funciona como canal de denúncias, vem liderando a organização dos trabalhadores de plataformas de entregas. A categoria já realizou um “Breque” em 2020, no auge da pandemia onde as condições de trabalho estavam precárias a ponto de serem consideras análoga à escravidão.